Biografia
Discípulo de Luigi Pareyson, graduou-se em Filosofia,
na cidade de Turim, em 1959. Especializou-se em Heidelberg, Alemanha,
com Karl Löwith e Hans-Georg Gadamer, cujo pensamento introduziu
na Itália.
Em 1964, tornou-se professor de Estética na Universidade de Turim e, a partir
de 1982,
de Filosofia Teorética. Ensinou, na condição de professor visitante, em vários
universidades dos Estados Unidos.
Nos anos 1950,
trabalhou em programas culturais da RAI. É diretor da Rivista
di estetica, membro de comissões científicas de vários periódicos italianos e
estrangeiros e sócio-correspondente da Academia de Ciência de Turim.
Escreve para o semanário L'Espresso,
para o diário La Repubblica e sobretudo para La Stampa, onde
produz editoriais com reflexões críticas sobre política e cultura.
Recebeu o título de Doutor Honoris
Causa das Universidades de La Plata, Palermo e Madrid.
Trajetória intelectual
Vattimo se ocupou da ontologia hermenêutica contemporânea,
acentuando sua ligação com o niilismo -
entendido como enfraquecimento das categorias ontológicas. Assim, contrapõe o pensamento fraco, uma
forma particular de niilismo, às diversas formas de pensamento forte, isto ,
aquelas baseadas na revelação cristã, no marxismo e
outros sistemas ideológicos.
Segundo Vattimo, a partir das
filosofias de Nietzsche e principalmente de Heiddegger, instaura-se uma crise irreversível nas bases cartesianas e racionalistas do
pensamento moderno.
Propõe uma filosofia baseada no enfraquecimento
do ser como chave de leitura da pós-modernidade, mas também nas formas de progressiva redução da violência, de passagem a
regimes políticos democráticos, de secularização, pluralismo e tolerância, como
impulso à emancipação humana e à superação das diferenças sociais.
Sua proposta filosófica é uma
resposta à crise das grandes correntes filosóficas dos séculos XIX e XX:
o hegelianismo com sua dialética, o marxismo, a fenomenologia, a psicanálise,
o estruturalismo. O pensamento fraco é uma atitude
pós-moderna que aceita o peso do "erro", ou seja, do efêmero de tudo
o que é histórico e humano. É a noção de verdade que se deve adequar à dimensão
humana, e não vice-versa. Assim, a verdade é criação, jogo, retórica.
Em suas obras mais recentes, como Acreditar
em acreditar, reivindica para o seu próprio pensamento a qualidade de autêntica filosofia
cristã da pós-modernidade. Valendo-se da visão cristã do mestre Pareyson e
do teólogo Sergio Quinzio, recusa a
identificação de Deus com o ser racional, tal como concebido pela tradição
filosófica ocidental.
Em 2004 abandona o partido dos
Democratas de Esquerda e abraça o marxismo, reavaliando positivamente a autenticidade e validade dos princípios do projeto
marxista e prognosticando um "retorno" ao pensamento do filósofo de Trier e a um comunismo depurado dos desenvolvimentos das
equivocadas políticas públicas soviéticas, a serem superados dialeticamente.
Vattimo fala de um "Marx enfraquecido" ou de uma base ideológica
capaz de ilustrar a verdadeira natureza do comunismo e apta, na prática
política, a superar qualquer pudor liberal. A chegada ao marxismo se configura
portanto como uma etapa do desenvolvimento do pensamento fraco, enriquecido na
práxis de uma perspectiva política concreta.
Atividade política
Exerceu atividade política em
diversas linhas: primeiro, no Partido Radical; depois, na Alleanza per Torino ("Aliança por
Turim") e, na sequência, nos Democratici di Sinistra ("Democratas
de Esquerda"), partido ligado à tradição político-cultural do Partido Comunista Italiano e ligado à social-democracia,
pelo qual Vattimo foi eleito para o Parlamento Europeu. Abandona o partido em 2004.
Atualmente integra o PdCI - Partido
dei Comunisti Italiani ("Partido dos Comunistas Italianos"),
cuja proposta é a de retomar o comunismo,
na sua variante italiana, conforme elaborada por Antonio Gramsci, Palmiro Togliatti, Luigi Longo e Enrico Berlinguer.
Em 2005, Vattimo
candidatou-se a Prefeito de uma pequena cidade calabresa, San Giovanni in Fiore, para combater a
"degeneração intelectual" que afligia o país. Encabeçava o movimento
"Vattimo pela cidade", contraposto aos dois grupos tradicionais, mas
sobretudo em polêmica com a esquerda florentina.
Recebeu 11% dos votos, sendo eleito conselheiro comunal e provocando, em
consequência, a realização de segundo turno, finalmente vencido pelo candidato
centro-esquerdista. Depois dessa experiência, Vattimo provocou um forte impulso
político e cultural na Calábria, de onde é originário.
Vattimo foi até hoje o único
parlamentar italiano a declarar-se homossexual.
Na juventude, aderiu à Ação Católica. Posteriormente abandonou o Catolicismo e
aproximou-se da Igreja Evangélica Valdense.
Seleção de obras em italiano
Vattimo en Lima, Perú en 2010
Il concetto di fare in Aristotele,
Giappichelli, Torino, 1961
Essere, storia e linguaggio in
Heidegger, Filosofia, Torino, 1963
Ipotesi su Nietzsche,
Giappichelli, Torino, 1967
Poesia e ontologia, Mursia, Milano 1968
Schleiermacher, filosofo
dell'interpretazione, Mursia, Milano, 1968
Introduzione ad Heidegger,
Laterza, Roma-Bari, 1971
Il soggetto e la maschera,
Bompiani, Milano, 1974
Le avventure della differenza,
Garzanti, Milano, 1980
Al di là del soggetto,
Feltrinelli, Milano, 1981
Il pensiero debole, Feltrinelli, Milano, 1983 (a cura di G.
Vattimo e P. A. Rovatti)
La fine della modernità,
Garzanti, Milano, 1985
Introduzione a Nietzsche,
Laterza, Roma-Bari, 1985
La società trasparente, Garzanti, Milano, 1989
Etica dell'interpretazione,
Rosenberg & Sellier, Torino, 1989
Filosofia al presente, Garzanti, Milano, 1990
Oltre l'interpretazione, Laterza, Roma-Bari, 1994
Credere di credere, Garzanti, Milano, 1996
Vocazione e responsabilità del
filosofo, Il Melangolo, Genova, 2000
Dialogo con Nietzsche. Saggi
1961-2000, Garzanti, Milano, 2001
Tecnica ed esistenza. Una mappa
filosofica del Novecento, Bruno Mondadori, Milano, 2002
Dopo la cristianità. Per un
cristianesimo non religioso, Garzanti, Milano, 2002
Nichilismo ed emancipazione.
Etica, politica e diritto, a cura di S. Zabala, Garzanti, Milano, 2003
Il socialismo ossia l'Europa,
Trauben, 2004
Il Futuro della Religione, con
Richard Rorty. A cura di S. Zabala, Garzanti, Milano, 2005
Verità o fede debole? Dialogo su
cristianesimo e relativismo, con René Girard. A cura di P. Antonello, Transeuropa Edizioni, Massa, 2006
Non essere Dio. Un'autobiografia
a quattro mani, con Piergiorgio Paterlini, Aliberti editore, Reggio Emilia, 2006
Ecce comu. Come si ri-diventa ciò
che si era, Fazi, Roma, 2007
Addio alla Verità, Meltemi, 2009
Introduzione
all'estetica, Edizioni ETS, Pisa 2010.
Publicações
A Sociedade Transparente (1989);
A Tentação do Realismo
Depois da Cristandade
Introdução a Heidegger
O Futuro da Religião (dividindo
autoria com Richard Rorty)