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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O QUE É UM GÊNERO TEXTUAL? (Memória)


Em relação aos aspectos históricos dos gêneros podemos dizer que surgiram muito antes da escrita, ou seja, numa primeira fase um conjunto pequeno desses foram desenvolvidos por povos de cultura predominantemente oral e com a multiplicação dos gêneros surgiram os típicos da escrita. A partir do século XV os gêneros expandem-se com o aparecimento da cultura impressa. Atualmente com a cultura eletrônica presenciamos uma explosão de novos gêneros e novas formas de comunicação, tanto na oralidade como na escrita. Isto nos mostra a dinamicidade presente nos gêneros, já que estes se integram funcionalmente nas culturas em que se desenvolvem, caracterizando-se por suas funções comunicativas, cognitivas e institucionais. Mostrando a importância de estudos que trazem suas variedades, analisando a peculiaridade funcional e organizacional, apontando aspectos de interesses para o trabalho em sala de aula.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Indignação...

         Há momentos em que me envergonho das decisões                                               
     daqueles que decidem os rumos da cultura em nosso país.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Literatura Joinvilense

Mensagem para você
(Rosilda da Silva)
 
Na seara das estações da vida,
Melhor idade não há,
Experiência, galhardia - do tempo ementa;
É sim, venha e prove,
Depois dos sessenta.

Te espero, tá!
Sou Salpimenta.

domingo, 25 de novembro de 2012

Boas Vindas...

Aos novos membros, Amanda e Paulo Roberto, é uma grande satisfação tê-los como participantes deste blog.  Visitem-nos sempre e desfrutem de boas leituras e muitas dicas.

sábado, 24 de novembro de 2012

É muito bom ter você aqui no blog...

Edemilso Peixer, receba o carinho e a satisfação de tê-lo por aqui, conhecendo o trabalho apresentado por este blog.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

PROMOÇÃO


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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Elogio da Loucura - Erasmo de Rotterdam [parte final]


bem longe de se perder quando se passa da terra ao céu, alcança, ao contrário, seu último
grau de perfeição.
Para vos falar novamente daqueles aos quais Deus, por um favor todo especial, concede a
graça de gozar antecipadamente as delícias da beatitude dir-vos-ei que são eles em número
muito reduzido e que, além disso, estão sujeitos a certos sintomas que muito se assemelham
aos da loucura: suas palavras são desconexas e fora do uso humano, ou, mais claramente,
não sabem o que dizem; sua fisionomia transforma-se a cada momento, e ora estão alegres,
ora melancólicos; choram, riem, suspiram, numa palavra, estão inteiramente fora de si.
Acontece que voltam os seus sentimentos? Protestam que positivamente não sabem de onde
vêm nem se existem somente na alma ou também no corpo, nem se estarão acordados ou
dormindo. E de tudo depois que viram, ouviram, disseram, ou não se recordam ou fazem
uma idéia tão confusa como se tivessem sonhado.
Só sabem de uma coisa: que se acham felicíssimos no seu delírio. Eis porque sofrem a
convalescença do cérebro e tudo sacrificariam de bom grado para serem perpetuamente
loucos nessas condições. No entanto, toda essa felicidade não passa de uma tenuíssima
migalha da mesa celeste: imaginai, agora, o que não será o eterno banquete!
Mas parece que, sem refletir no que sou, vou ultrapassando há bastante tempo todos os
limites. Por conseguinte, se tagarelei demais e com demasiada ousadia, lembrai-vos de que
sou mulher e sou a Loucura. Ao mesmo tempo, porém, não vos esqueçais deste antigo
provérbio dos gregos: Muitas vezes, também o homem louco fala judiciosamente. E não ser
que pretendais que, nesse provérbio, não estejam incluídas as mulheres, pois eu disse
homem e não mulher.
Esperais um epílogo do que vos disse até agora? Estou lendo isso em vossas fisionomias.
Mas, sois verdadeiramente tolos se imaginais que eu tenha podido reter de memória toda
essa mistura de palavras que vos impingi. Em lugar de um epílogo quero oferecer-vos duas
sentenças. A primeira, antiquíssima, é esta: Eu jamais desejaria beber com um homem que
se lembrasse de tudo. E a segunda, nova, é a seguinte: Odeio o ouvinte de memória fiel
demais.
E, por isso, sedes sãos, aplaudi, vivei, bebei, oh celebérrimos iniciados nos mistérios da
Loucura.

Elogio da Loucura - Erasmo de Rotterdam [parte 8]

Salomão julgava ter chegado a tanta perfeição, dizendo no capítulo XXX: Eu sou o mais louco de todos os homens. São Paulo,esse evangelista, esse apóstolo das gentes, não passou sem atribuir-se o meu nome, pois disse aos coríntios: Como louco, eu afirmo que sou o maior de todos (de tal maneira
considerava ele vergonhoso ser superado em loucura). Mas, enquanto isso, insurgem-se
contra mim certos teólogos grecistas, impingindo como novidades coisas rançosas e antigas
e se esforçando por cegar o vulgo com anotações que, além do mais, são pensamentos
roubados aqui e ali: entre eles, encontra-se, se não em primeiro, pelo menos em segundo
lugar o meu caro Erasmo, que freqüentemente cito para lhe prestar uma homenagem (98).

Elogio da Loucura - Erasmo de Rotterdam [parte 6]

algum que não sinta mais ou menos os efeitos da minha beneficência. Nenhuma das outras
divindades reparte igualmente, entre os mortais, os seus favores. Não cresce por toda parte
aquele vinho generoso e saboroso que afasta as aflições importunas e enche até o ânimo
mais melancólico de alegria, de coragem e de esperanças. Vênus raramente concede o dom
da beleza; Mercúrio dá a poucos a eloqüência e Hércules é parco dispensador das riquezas; o
homérico Júpiter na cabeça de muito poucos põe a coroa; Marte freqüentemente recusa aos
dois exércitos o seu auxílio; Apolo costuma dar respostas desagradáveis aos que consultam
o seu oráculo; o filho de Saturno constantemente lança suas setas; Febo às vezes manda a
peste e Netuno mata mais pessoas do que salva. Quanto às horríveis divindades chamadas
Vejoves, como seriam Plutão, a Discórdia, o Castigo, a Febre, e outras tantas que deveriam
antes chamar-se carniceiras que divindades, não merecem em absoluto que eu me dê ao
trabalho de lhes fazer alusão.

Elogio da Loucura - Erasmo de Rotterdam [parte 7]


pela quadratura do círculo. E assim por diante. Eu mesma, que vos falo, já ouvi uma vez um
desses pregadores, homem de uma loucura consumada (perdoai-me, atrapalho-me sempre),
queria dizer de uma doutrina consumada.
Esse homem devia explicar o impenetrável mistério da Trindade, mas, para patentear a
sublimidade do seu engenho e para contentar os ouvidos dos teólogos, não quis seguir o
caminho habitual. E que estrada tomou? Era mesmo preciso um homem da sua envergadura
para fazer a escolha. Começou o discurso pelo alfabeto e, depois de ter, com prodigiosa
memória, recitado exatamente o A B C passou das letras às sílabas, das sílabas às palavras,
das palavras à concordância do sujeito com o verbo e do substantivo com o adjetivo.
Enquanto isso, todo o auditório estava suspenso e não poucos perguntavam, com Horácio,
qual poderia ser o objetivo de tantas frioleiras. Mas, o padre pregador tirou logo a dúvida
dos ouvintes mostrando que elementos da gramática eram o símbolo e a imagem da
sacrossanta Trindade. E o mostrou com evidência igual à que mal poderia conseguir um
geômetra nas suas demonstrações. É preciso confessar, aliás, que essa demonstração de
sublime eloqüência custara uma imensa fadiga ao nosso non plus ultra dos teólogos, pois
empregou em sua tarefa nada menos de oito bons meses. O pobre homem, porém,
ressentiu-se, e os extraordinários esforços feitos por tão bela obra-prima tornaram-no mais
cego do que um toupeira, atraída que foi por seu espírito toda a agudeza da vista. Mas, quem
o diria? Muito pouco é o seu desgosto por ter perdido a vista, e até lhe parece ter adquirido a
glória por bom preço.

Elogio da Loucura - Erasmo de Rotterdam [parte 5]


mantenham um para lhes fazer as honras? E uma tal diferença nada tem de misterioso nem
de surpreendente, porque os sábios, em geral, só sabem dizer coisas melancólicas e, às
vezes, confiando no próprio saber, permitem-se ofender os delicados ouvidos com
pungentes verdades. Os meus loucos, ao contrário, têm uma vida totalmente oposta e
observam, para com os príncipes, todas as maneiras que mais costumam agradar, divertindo
os outros com mil chacotas e bobagens, com ditos satíricos, com caretas e disparates de
fazer qualquer pessoa rebentar de riso. Notai, de passagem, o privilégio que têm os bobos de
poder falar com toda a sinceridade e franqueza. Haverá coisa mais louvável do que a
verdade? Se bem que, com Platão, o provérbio de Alcebíades diga que a verdade se
encontra no vinho e nas crianças, contudo é a mim, particularmente, que convém esse
elogio, porque, segundo o testemunho de Eurípedes, tudo o que o tolo encerra no coração
ele o traz também impresso na cabeça e o manifesta nas palavras. Mas, os sábios, segundo o
mesmo Eurípedes, têm duas línguas, uma para dizer o que pensam e a outra para falar
conforme às circunstâncias: quando o querem, têm talento para fazer o preto aparecer como
branco e o branco como preto, soprando com a mesma boca o calor e o frio (66) e
exprimindo com palavras exatamente o contrário do que sentem no peito.
Não posso deixar, aqui, de lastimar a sorte dos príncipes. Oh! como são infelizes!
Inacessíveis à verdades, só contam com a amizade dos aduladores. Mas, ponderará alguém
que eles não devem queixar-se senão de si mesmos. Porque será que os príncipes não
gostam de prestar ouvidos à verdade? E porque detestam a companhia dos filósofos? Ah!
bem vejo que isso se deve ao medo que têm os príncipes de encontrar, entre os filósofos,
algum petulante que se atreva a dizer o que é verdadeiro e não o que é agradável! Concedo,
de bom agrado, que a verdade seja odiada por todos e muito mais pelos monarcas. Mas, é
justamente essa razão o que mais honra os meus loucos. Nem mesmo dissimulam os vícios e
os defeitos dos reis. Que digo eu? Chegam, muitas vezes, a insultá-los, a injuriá-los, sem
que esses senhores do mundo se ofendam por isso ou se aborreçam. Sabemos que os
príncipes, em lugar de ficarem indignados, riem-se de todo coração quando um tolo lhes diz
coisas que seriam mais do que suficientes para enforcar um filósofo. Só se costuma defender
a verdade quando não se é atingido por ela; ora, só aos loucos os deuses concederam o
privilégio de censurar e moralizar sem ofender a ninguém. Quase pela mesma razão é que as
mulheres gostam dos loucos e dos bobos, e é por isso que esse sexo é tão inclinado ao riso e
às frivolidades. Além disso, qualquer coisa que façam as senhorinhas com essa espécie de
pessoas (e às vezes com toda espécie), parece-lhes uma brincadeira ou uma chacota, tão
engenhoso e ladino é o belo sexo em colorir e mascarar os seus ardis.
Voltando, pois, à felicidade dos loucos, devo dizer que eles levam uma vida muito
divertida e depois, sem temer nem sentir a morte, voam direitinho para os Campos Elísios,
onde as suas piedosas e fadigadas almazinhas continuam a divertir-se ainda melhor do que
antes. Confrontai, agora, a condição de qualquer sábio com a de um tolo. Imaginai, figurai,
um homem venerável, verdadeiro modelo de sabedoria, e observai como faz a sua passagem
pela terra. Constrangido desde a infância a consagrar-se ao estudo, passa a flor dos anos nas
vigílias, nas aflições, na mais assídua fadiga; e, mal sai dessa dura escravidão, acha-se ainda
mais infeliz do que nunca. Por isso é que, devendo viver com economia, com moderação,
com tristeza, com severidade, ele se torna cruel e pesado a si mesmo, incômodo e
insuportável aos outros. Pálido, magro, enfermiço, ramelento, fraco, encanecido, velho antes
do tempo, termina uma vida infeliz com a morte prematura. Mas, que importa ao sábio morrer moço ou velho, quando se pode afirmar, com toda a razão, que nunca viveu? Com
efeito, não se pode falar em viver quando não se gozam todos os prazeres da vida. Que vos
parece, agora, esse belo retrato do sábio? Agrada-vos?
Mas, já estou esperando que as importunas rãs que são os estóicos (67) venham
atacar-me com novos argumentos. E — dirão elas — uma insigne loucura não estará perto
do furor, ou melhor, não poderá chamar-se um verdadeiro furor? Mas, que quer dizer ser
furioso? Não significará, talvez, ter a mente perturbada? Como me inspiram piedade esses
filósofos! O mais das vezes, não sabem o que dizem. Pois bem, se mo permitirem as musas,
quero derrubar, quero destruir também esse paládio. Não posso negar que os estóicos sejam
argumentadores sutis mas, por pouco que queiram ter reputação de bom senso, devem
distinguir duas espécies de loucura, da mesma maneira por que Sócrates, segundo Platão,
distinguia duas Vênus (68) e dois Cupidos. Afirmo que nem todas as loucuras tornam
igualmente infeliz o homem. Se assim não fosse, Horácio decerto não teria aplicado o
epíteto de amável ao furor que invade os poetas e que revela o futuro. O citado Platão não
teria incluído, entre os principais bens da vida, o furor dos vates, dos adivinhos e dos
amantes, e a Sibila Cumana não teria empregado esse vocábulo para exprimir as penas e os
trabalhos de Enéias.
Há, portanto, duas espécies de furor. Um vem do fundo do inferno, e são as fúrias que o
mandam para a terra. Essas atrozes e vingativas divindades tiraram da cabeça uma porção de
serpentes e atiram suas escamas sobre os homens quando querem divertir-se em
atormentá-los. Têm nisso as suas origens o furor da guerra, a hidrópica e devoradora sede do
ouro, o infame e abominável amor, o parricídio, o incesto, o sacrilégio, o peso de
consciência e todos os outros flagelos semelhantes de que se servem as fúrias para dar aos
mortais uma amostra dos suplícios eternos.
Existe, porém, outro furor inteiramente oposto ao precedente, e sou eu quem o
proporciona aos homens, que deveriam desejá-lo sempre como o maior de todos os bens.
Em que pensais que consista esse furor ou loucura? Consiste numa certa alienação de
espírito que afasta do nosso ânimo qualquer preocupação incômoda, infundindo-lhe os mais
suaves deleites. É justamente essa divagação que, como um insigne dom dos supremos
deuses, deseja Cícero para si, quando diz a Ático que não pode mais suportar o peso de
tantos males (69). Um grego, de cujo nome não me recordo, era do mesmo parecer, e a sua
história é tão engraçada que eu até quero contá-la. Esse homem era louco de todas as
formas: desde manhã muito cedo até tarde da noite, ficava sentado sozinho no teatro e,
imaginando que assistia a uma magnífica representação, embora na realidade nada se
representasse, ria, aplaudia e divertia-se à grande. Fora dessa loucura, ele era, em tudo o
mais, uma ótima pessoa: complacente e fiel com os amigos; terno, cortês, condescendente
com a mulher; indulgente com os escravos, não se enfurecendo quando via quebrar-se uma
garrafa. Seus parentes deram-se ao incômodo de curá-lo com heléboro; mal, porém, ele
voltou ao estado que impropriamente se chama de bom senso, dirigiu-lhe esta bela e sensata
apóstrofe: “Meus caros amigos, que fizeram vocês? Pretendem ter-me curado e, no entanto,
mataram-me; para mim, acabaram-se os prazeres: vocês me tiraram uma ilusão que
constituía toda a minha felicidade”. Tinha sobras de razão esse convalescente, e os que, por
meio da arte médica, julgaram curá-lo, como de um mal, de tão feliz e agradável loucura,
mostraram precisar mais do que ele de uma boa dose de heléboro.
Ainda não decidi se se deva ou não chamar indistintamente de loucura todo erro de espírito e do senso. É que, em geral, dizemos ser louco todo aquele que, sendo curto de
vistas, toma um burro por jumento, ou que, por ter pouco discernimento, considera excelente
um mau poema. Ao mesmo tempo, quando um homem comete um estranho erro, não só de
senso, mas também de inteligência, nele persistindo longamente, — por exemplo, quando,
ao escutar o zurro de um burro, julga ouvir uma sinfonia ou, então, quando, embora pobre e
de origem humilde, imagina ser o rei Creso, da Lídia (70) — nesse caso, se diz que o
pobrezinho perdeu o miolo. Mas, essa loucura, quando dirigida a um objeto de prazer, como
costuma acontecer quase sempre, bastante agradável se torna tanto para os que a têm como
para os que são meros espectadores. Assim, essa espécie de loucura é bem mais espalhada
do que em geral se pensa. Às vezes, é um louco que se ri de outro louco, divertindo-se
ambos mutuamente. Também não é raro ver-se um mais louco rir-se muito de outro menos
do que ele. Mas, na minha opinião, o homem é tanto mais feliz quanto mais numerosas são
as suas modalidades de loucura, contanto que não saia da espécie que nos é peculiar e que é
tão espalhada que eu não saberia dizer se haverá, em todo o gênero humano, um só
indivíduo que seja sempre sábio e não tenha também a sua modalidade. Se alguém, ao ver
uma abóbora, a tomasse por uma mulher, dir-se-ia ser o pobrezinho um louco. A razão disso
é que semelhante perturbação raras vezes costuma aparecer entre nós. Mas, quando um
marido imbecil adora a mulher, julgando-a mais fiel do que Penélope, mesmo que ela lhe
faça crescer na cabeça um bosque de chifres, e intimamente se felicita, bendizendo
enormemente o seu destino e dando graças a Deus por o ter unido a semelhante Lucrécia, —
ninguém acha que se trate de loucura, porque isso, hoje em dia, é a coisa mais natural deste
mundo. Nessa categoria, é preciso incluir também os que desprezam tudo a não ser a caça,
não concebendo maior prazer que o de ouvir o rouco som da trompa e os latidos dos cães.
Creio mesmo que, ao sentirem o cheiro dos excrementos caninos, imaginam estar cheirando
sinomônio. Trata-se de despedaçar uma presa? Oh! incomparável delícia! Degolar, esfolar,
cortar um boi ou um carneiro? Ah! é um mister vil, digno somente da ralé! Mas, um bicho
do mato? Oh! a honra de cortar um bicho do mato é reservada unicamente às pessoas de alta
linhagem! O monteiro-mor, com a cabeça descoberta e de joelhos, pega o facão sagrado
para esse sacrifício (pois Diana se ofenderia se se servisse de outro) e, empunhando o ferro
com a mão direita, corta religiosamente determinados membros do animal, fazendo tudo
com certa ordem e com cerimônias especiais. E, durante a pomposa operação, todo o bando
de caçadores acerca-se do sacerdote de Diana, observando profundo silêncio e mostrando,
ao assistir ao espetáculo mil vezes visto, a mesma surpresa que teria se fosse a primeira vez.
Em seguida, aquele a quem cabe a sorte de provar um pedaço da caça julga ter conquistado
ainda mais nobreza. Por fim, os caçadores, depois de levarem a vida perseguindo e comendo
caça, não obtêm outro resultado do seu assíduo e fatigante exercício senão o de se terem
trasformado também em outros tantos animais selvagens. E, não obstante, intimamente,
pensam ter uma vida real.
Outra espécie de homens semelhantes à que há pouco descrevi é constituída por aqueles
que se sentem devorados pela mania de construir. Uma vez invadidos por essa irriquieta
paixão, nunca se dão por satisfeitos, sendo a sua preocupação contínua a de fazer, edificar,
destruir, até que, como Horácio, nessa tarefa de mudar o quadrado em redondo e o redondo
em quadrado, acabam por ficar sem casa e sem pão. E com que ficam? Ficam com a doce
lembrança de terem passado com prazer um grande número de anos.
Vejamos, agora, os alquimistas, que podem ser considerados os loucos por excelência. Têm a cabeça sempre repleta de novos e misteriosos segredos. O seu único fim é confundir,
misturar, modificar a natureza, procurando por terra e por mar não sei que quintessência,
que na realidade só se encontra em uma quimérica imaginação. Não julgueis, por isso, que
se desgostem diante dos insucessos: ao contrário, cheios de louca e lisonjeira esperança,
nunca se arrependem das despesas nem da fadiga, pois são engenhosíssimos em iludir-se a si
mesmos e em tornar-se vítimas da própria obstinação. Mas, qual é, em geral, o seu objetivo?
Pensando enriquecer-se, gastam tudo, não lhes restando nem mesmo com que construir um
pequeno lar. É verdade que esses sonhadores não deixam de ter belíssimos sonhos, tentando
tudo quanto é meio imaginável para incitar os outros a correr atrás dessa felicidade.
Finalmente, constragidos pela miséria a dar um adeus às suas quiméricas esperanças, acham
ainda uma grande compensação em se poderem gabar de ao menos terem formado tão
glorioso e nobre projeto. Mas, ao mesmo tempo, censuram a natureza pelo fato de ter dado
aos homens uma vida demasiado breve para levar a termo empresa de tamanha importância.
Sinto certo escrúpulo em introduzir em nossa sociedade os jogadores de profissão. Mas,
decerto que é uma loucura, oferecendo um espetáculo ridículo os que, de tão apaixonados
pelo jogo, sentem bater e saltar o coração dentro do peito, sempre que vêm cartas na mesa
ou ouvem o barulho dos dados. Então, quando a enganosa esperança de recuperar o que
perderam faz com que percam o resto dos seus bens e quando a sua nau se quebra contra o
escolho do jogo, escolho não menos fatal que o de Maléia (71), ainda se julgam muitos
felizes por se terem salvo nuzinhos em pêlo desse naufrágio. E o mais bonito é que essa
espécie de gente prefere roubar a quem quer que seja, exceto ao que a despojou, pelo receio
de passar à conta de pouco honesta. Que deveria eu dizer desses velhos que, quase cegos de
tanta idade, chegam a pôr os óculos para jogar e, tendo as mãos atacadas pela gota, pagam a
alguém para que jogue os dados por eles? São tão loucos pelo jogo, e nele experimentam tão
extremo prazer que sou levada a considerá-los como de minha atribuição. Mas, muitas
vezes, o jogo se transforma em raiva e furor, e, então, me inclino a atribuí-lo mais às fúrias
do que a mim.
Mas, eis que se adiantam algumas pessoas, que sem dúvida vivem sob as minhas leis: são
os que se divertem ouvindo ou contando milagres e romanescas invencionices. Não
acreditais? Pois esse bom gosto proporciona tal prazer que os sábios são indignos de
experimentá-lo. É preciso, sim, é preciso ter nascido sob um particular auspício dos deuses
para poder saborear tão doces quimeras. E o melhor é que nunca se fartam de ouvir
semelhantes patranhas. Os milagres, os espectros, os duendes, os fantasmas, o inferno, e mil
outras visões dessa natureza, são o assunto mais comum das conversas do vulgo ignorante,
sendo que, quanto mais extraordinárias são essas coisas, com tanto maior prazer são elas
ouvidas e facilmente acreditadas. E não penseis que tais histórias se contem apenas para
iludir as horas de aborrecimento: tornaram-se, na boca dos monarcas e dos pregadores, um
meio de tirar proveito da crendice popular.
A essa espécie podem agregar-se, a justo título, os ridículos e originais supersticiosos, os
quais, toda vez que têm a sorte de ver alguma estátua de madeira ou alguma imagem do seu
polifêmico São Cristóvão (72), ficam convencidos de que nesse dia não poderão morrer.
Soldados há que, depois de uma pequena prece diante da imagem de Santa Bárbara, ficam
certos de que sairão ilesos da batalha. Alguns acreditam que, invocando Santo Erasmo em
certos dias, com certas orações e à luz de certas lamparinas, seja possível fazer uma grande
fortuna em pouco tempo (73). E que direi do hercúleo São Jorge, que para esses supersticiosos faz as vezes de um novo Hipólito (74)? Na verdade, não se pode deixar de rir
diante de sua devoção, que consiste em ornar pomposamente o cavalo do santo e quase que
em prostar-se, diante do animal assim enfeitado, para adorá-lo. Fazem questão absoluta de
conservar o favor e a proteção do cavaleiro por meio de alguma oferta, sendo inviolável para
eles o juramento que fazem pelo seu penacho. Mas, porque não falar dos que julgam que,
em virtude dos perdões e das indulgências, não têm nenhuma dívida para com a divindade?
Com a exatidão de uma clepsidra e da mesma maneira por que, matematicamente, sem
recear erro de cálculo, medem os espaços, os séculos, os anos, os meses, os dias, — assim
também, com essa espécie de falazes remissões medem eles as horas do purgatório. Outra
espécie de extravagantes é constituída pelos que, confiando em certos pequenos sinais
exteriores de devoção, em certos palanfrórios, em certas rezas que algum piedoso impostor
inventou para se divertir ou por interesse, estão convencidos de que irão gozar uma
inalterável felicidade, conquistar riquezas, obter honras, satisfazer determinados prazeres,
nutrir-se bem, conservar-se sãos, viver longamente e levar uma velhice robusta. E, como se
isso não bastasse, ainda esperam poder ocupar no paraíso um posto elevado, sob a condição,
porém, de só passarem ao número dos beatos tão tarde quanto possível. Pensam, então,
chegado o tempo de voar por entre as inefáveis e eternas delícias do céu, uma vez
abandonados pelos bens da terra, a que se aferram de todo o coração.
Persuadidos dos perdões e das indulgências, ao negociante, ao militar, ao juiz, basta
atirarem a uma bandeja uma pequena moeda, para ficarem tão limpos e tão puros dos seus
numerosos roubos como quando saíram da pia batismal. Tantos falsos juramentos, tantas
impurezas, tantas bebedeiras, tantas brigas, tantos assassínios, tantas imposturas, tantas
perfídias, tantas traições, numa palavra, todos os delitos se redimem com um pouco de
dinheiro, e de tal maneira se redimem que se julga poder voltar a cometer de novo toda sorte
de más ações. Quem já terá visto homens mais tolos, ou melhor, mais felizes do que os
devotos, os quais julgam que entrarão infalivelmente no reino dos céus, recitando todos os
dias sete versículos, que eu não sei quais sejam, dos salmos sagrados? No entanto, foi um
demônio quem fez tão bela descoberta; mas, um demônio tolo, que tinha mais vaidade do
que talento, tanto assim que cometeu a imprudência de exaltar o seu mágico segredo com
São Bernardo (75), que era muito mais esperto do que ele. E todas essas coisas não serão,
talvez, excelentes loucuras? Ah! como isso é verdadeiro! Até eu, que sou a Loucura, não
posso deixar de sentir vergonha. No entanto, não é o público o único a aprovar tão
completas extravagâncias. Sustentam a sua prática, dando o exemplo, os próprios
professores de teologia. E, já que viajo por esses mares, convém continuar a navegar.
Digamos, assim, algumas palavras sobre a invocação dos santos. É curioso verificar que
cada país se gaba de ter no céu um protetor, um anjo tutelar, de forma que, num mesmo
povo, entre esses grandes e poderosos senhores da corte celeste, se encontrem as diversas
incubências do protetorado. Um cura dor de dentes, outro assiste ao parto das mulheres;
aquele faz achar os objetos perdidos, este vela pela segurança e prosperidade do gado; um
salva os náufragos, outro confere a vitória nos combates. Suprimo o resto, porque será um
nunca mais acabar.
Além desses, existem outros santos que gozam de um crédito e um poder universais,
encontrando-se entre estes, em primeiro lugar, a mãe de Deus, a quem o vulgo atribui poder
maior que o do seu próprio filho. Ora, as graças que os homens pedem aos santos não serão,
talvez, insinuadas também pela Loucura? Dizei-me se, entre tantos votos religiosos de

reconhecimento que vedes cobrindo por completo as paredes e as abóbadas das igrejas, já
vistes penduradas um único de reconhecimento por cura milagrosa de loucura. Decerto que
não: os homens não costumam importunar os santos para obter uma graça dessa natureza.
Daí resulta que, por maior que seja a sua devoção, nunca se tornam nem um pouquinho mais
sábios. Eis porque, enquanto se vêem, suspensos dos altares, ex-votos relativos a toda sorte
de graças recebidas, nenhum se encontra, todavia, que se refira a um caso curado de loucura.
Aquele pendurou um ex-voto por se ter salvo a nado quando julgava naufragar; este, porque
não morreu de um grave ferimento recebido numa briga; um outro, porque, enquanto os
outros caíam prisioneiros do inimigo, conseguiu subtrair-se ao perigo, graças a uma feliz e
valorosa fuga; aquele outro, porque, tendo sido condenado à forca como prêmio às suas boas
ações, caiu do laço, graças a algum santo dos larápios, a fim de que, pior do antes e em
virtude da caridade do próximo, voltasse a roubar os que tivessem a bolsa muito cheia de
dinheiro; um outro, por ter recuperado a liberdade rompendo as grades da prisão; outro por
se ter restabelecido facilmente de uma febre muito grave, com grande mágoa do médico,
que esperava fazer uma cura mais longa e mais lucrativa; este, porque, em lugar da morte,
encontrou remédio no veneno que lhe fora dado, enquanto sua mulher, que já suspirava pelo
momento da libertação, ficou na maior amargura por ter falhado o golpe; outro, porque,
tendo caído com seu carro, não teve receio algum e pôde reconduzir à casa, sãos e salvos, os
cavalos; aquele, porque, tendo ficado soterrado num desabamento, conseguiu salvar-se sem
nada sofrer; outro, finalmente, porque, tendo sido pilhado em flagrante pelo marido de sua
bela, saiu da enrascada com a maior desenvoltura.
Ora, bem vedes que ninguém deu graças a Deus, ou à Virgem, ou a qualquer santo, por
ter recuperado o juízo. A loucura tem tantos atrativos para os homens, que, de todos os
males, é ela o único que se estima como um bem. Mas, porque engolfar-me nesse oceano de
superstições?
Se eu tivesse cem línguas e cem bocas,
E férrea voz, em vão de tantos tolos
As espécies contar eu poderia,
E de tanta tolice os vários nomes.
(Virgílio, Eneida, livro VI e Homero, III, livro VI.)
De tal maneira está a vida de cada cristão repleta de semelhantes desejos! Bem sei que os
sacerdotes não são tão cegos que não compreendam deformidades tão vergonhosas; mas é
que, em lugar de purgar o campo do Senhor, eles se empenham em semeá-lo e cultivá-lo de
ervas daninhas, com toda a diligência, certos como estão de que estas costumam
aumentar-hes as ganhuças. Suponha-se que, em meio a todos esses prejuízos, surgisse um
odioso moralista que, em tom apostólico, fizesse esta patética, mas verdadeira exortação:
“Não basta ter devoção por São Cristóvão: é preciso, também, viver segundo a lei divina,
para não chegar a um mau fim. Não basta oferecer uma pequena moeda para obter perdões e
indulgências: é preciso, ainda, odiar o mal, chorar, velar, rezar, jejuar, numa palavra, mudar
de vida, praticando constantemente o Evangelho. Confiais em algum santo? Pois segui os
seus exemplos, vivei como ele viveu, e assim merecereis a graça do vosso santo protetor”.
Aqui entre nós: esse moralista não andaria mal falando dessa forma, mas, ao mesmo tempo
tiraria os homens de um estado de felicidade, para lançá-los na miséria e na dor.
Uma palavrinha acerca de uma espécie de doidos, porque seria um grande mal não os pôr
igualmente em cena, quando honram tanto o meu império. Quero referir-me aos ricos que, vendo chegar o fim dos seus dias, providenciam grandiosos preparativos para uma passagem
magnífica ao túmulo. É com grande prazer que se observa como esses moribundos se
aplicam seriamente às suas pompas fúnebres. Estabelecem, artigo por artigo, quantos círios
e quantas velas devem arder nos seus funerais, quantas pessoas vestidas de luto, quantos
músicos, quantos carpidores devem acompanhar o féretro, como se, depois de mortos, ainda
pudessem conservar alguma consciência para gozar o espetáculo, ou soubessem ao certo que
os mortos costumam ficar envergonhados quando os seus cadáveres não são sepultados com
a magnificência exigida por seu próprio estado. Finalmente, parece que esses ricos
consideram a morte como um cargo de edil, que os obrigue a ordenar festas populares e
banquetes.
Embora seja fecundíssimo o meu assunto, sendo eu forçada a tratá-lo superficialmente,
não poderei, contudo, silenciar sobre esses grandes panegiristas, esses vaidosos apreciadores
da própria nobreza. Não é raro encontrar, entre estes, os que, com ânimo abjeto e vilíssimas
e plebéias inclinações, vos pasmem à força de repetir: “Sou um fidalgo”. Convém provar a
antigüidade de suas estirpes? Um descende do piedoso Enéias; outro remonta ao primeiro
cônsul de Roma; este procede, em linha reta, do rei Artur. Além disso, mostram as estátuas e
os retratos dos antepassados: enumeram os bisavós e os tataravós; recordam os antigos
sobrenomes e os feitos dos seus maiores. Enquanto isso, pouco diferem eles de uma estátua
muda, e eu os diria mesmo quase inferiores às próprias figuras que vão mostrando. Esses
idiotas fazem um alto conceito de si mesmos e estão sempre cheios da estéril idéia de sua
ascendência. O que é fato, porém, é que imbuídos dessa quimera, levam uma vida contente e
feliz. Ora, o que contribui, em grande parte, para que em tão boa conta se tenha esse belo
fantasma de nobreza, é justamente o respeito que o vugo insano demonstra por eles,
parecendo até enxergar nesse gênero de bestas, nesses nobres sem mérito, outras tantas
divindades.
Mas, ao tratar do amor próprio, porque hei de me restringir a uma ou duas espécies
apenas de loucura? Quantos meios surpreendentes não possuirá o meu caro amor próprio,
que vedes aqui presente, para impedir que o homem fique desgostoso de si mesmo? Olhai
aquele rosto: não há macaco mais feio, nem mais disforme; no entanto, julga-se um lindo
rapaz. E, perto dele, o outro que traça duas ou três linhas com exatidão, à força de
compasso! Intimamente, já se aplaude, julgando-se um Euclides. E aquele que está
cantando, ainda pior que um galo? Não importa: pensa ter uma voz paradisíaca. Todavia,
também essa espécie de loucura é verdadeiramente agradável. Alguns possuem um
numeroso bando de criados, cada qual com uma boa qualidade, e julgam que essas boas
qualidades lhes sejam peculiares. Tal era, segundo Sêneca, aquele rico duplamente feliz que,
ao pretender contar alguma história, tinha sempre ao redor os escravos, que lhe auxiliavam a
memória, sugerindo-lhe os vocábulos adequados, mesmo os mais comuns. Esse senhor, era,
além disso, tão fraco que bastava um pequeno sopro de vento para levá-lo ao chão: isso,
contudo, não impedia que estivesse sempre disposto a bater-se a socos, fiando-se na força
dos escravos, como se esta fosse sua.
É inútil passar aqui em revista os que professam as artes, porque com razão podem ser
considerados os prediletos, os favoritos do meu amor próprio. Em geral, essas pessoas estão
de tal forma fanatizadas por seu pequeno mérito que prefeririam ceder uma parte do seu
patrimônio a confessar-se ineptas. Os cômicos, os músicos, os oradores, os poetas — eis aí,
eis os melhores amigos do amor próprio! Quanto mais ignorantes, tanto mais perfeitos se
julgam em sua arte, e, assim prevenidos em benefício próprio, aproveitam todas as ocasiões

para celebrar os próprios louvores. Mas, não penseis que não encontrem quem os aplauda,
pois toda tolice, por mais grosseira que seja, sempre encontra sequazes. Mas, ainda é pouco:
quanto mais contrária ao bom senso é uma coisa, tanto maior é o número dos seus
admiradores, e constantemente se vê que tudo o que mais se opõe à razão é justamente o que
se adota com maior avidez. Perguntar-me-eis por que? Pois já não vos disse mil vezes? É
porque quase todos os homens são malucos. A ignorância tem, pois, dois grandes
privilégios: um, que consiste em estar de perfeito acordo com o amor próprio, e outro, que
consiste em trazer em si a maior parte do gênero humano. Por conseguinte, seríeis duas
vezes ingênuos se quisésseis elevar-vos acima do nível comum, com toda a vossa ciência
filosófica. Que pensais que obteríeis com isso? Podeis estar certos de que, além de vos
custar muito caro semelhante propósito, chegaríeis ao ponto de não saberdes tolerar mais
ninguém e de não poderdes por mais ninguém ser tolerados. Resultaria, enfim, que ninguém
seria capaz de apreciar o vosso gênio e de penetrar os vossos sentimentos.
Parece-me de novo oportuno fazer outra reflexão sobre o amor próprio. Façamo-la
juntos. Todo homem, ao nascer, recebe o seu amor próprio como um dom da natureza. Mas,
essa mãe comum não se limitou apenas ao homem, pois fez o mesmo presente à sociedade,
de maneira que não se acha uma única nação, uma única cidade que não tenha o seu gosto
particular. Os ingleses, por exemplo, amam com transporte a beleza, a música e os
banquetes lautos; os escoceses dão grande valor à nobreza e, sobretudo, à que deriva do
sangue do seu rei, gabando-se, além disso, de serem raciocinadores sutis; os franceses
atribuem-se a polidez e a civilidade, sendo que sobretudo os parisienses gabam a sua
teologia; os italianos decantam a sua literatura e sua eloqüência. Em suma, cada nação se
compraz em ser a única verdadeiramiente civilizada e sem sombra de barbarismo. Pode
dizer-se que os romanos são os mais enfatuados desse gênero de felicidade: Roma moderna
sonha ainda participar da grandeza de Roma antiga. Os venezianos são felizes pela alta
opinião que têm da própria nobreza. Vangloriam-se os gregos de terem sido os inventores
das artes e das ciências, além de serem os descendentes dos famosos heróis que em seu
tempo tanto estrépito fizeram no mundo. Os turcos e todos os outros povos semelhantes, que
não passam, afinal, de um ajuntamento de bárbaros, se jactam de serem os únicos que vivem
no seio da verdadeira religião, ridicularizando as superstições e a idolatria dos cristãos. E
que direi dos judeus? Estes vivem satisfeitíssimos, à espera do seu Messias, e, muito longe
de impacientar-se pela enorme demora, obstinam-se cada vez mais em esperá-lo, achando
que não podem em absoluto estar enganados, apoiados como se encontram nas promessas
do seu Moisés. Os espanhóis reservam para si toda a glória da guerra. Finalmente, os
alemães se pavoneiam por sua natureza gigantesca e por sua habilidade na ciência da magia.
Mas, vamos! Liquidemos logo o assunto, que seria interminável. Estais vendo, agora, se
não me engano, como o amor próprio difunde por toda parte grandes alegrias, quer nos
indivíduos, quer nas nações. Ao lado do amor próprio, acha-se sempre a sua boa irmã — a
adulacão. Isto posto, respondei-me: em que consiste o amor próprio? Não consistirá,
porventura, em agradar, em satisfazer, em adular a si mesmo? Pois bem: quando procedeis
dessa forma em relação aos outros, isso se chama adulação. Hoje em dia, tem, essa pobre
adulação a desgraça de estar muito desacreditada: mas, por quem? Por todas as pessoas que
se ofendem mais com as palavras do que com os fatos. Acredita-se que a adulação não
possa coadunar-se com a boa fé. Idéia falsa! Pois os próprios animais não nos mostram o
contrário? Em vão se procuraria animal mais cortesão e adulador do que o cão, e, não
obstante, quem pode vangloriar-se de ser mais fiel do que ele? O esquilo domesticado procura sempre brincar: será ele por isso, menos amigo do homem? Se a adulação excluísse
a boa fé, seria preciso concluir, então, que os ferozes leões, os tigres cruéis e os irriquietos
leopardos devem ser afeiçoados à espécie humana. Não ignoro que há péssima adulação, da
qual costumam servir-se as maliciosos e os caçoadores para arrumar e ridicularizar míseros
tolos e vaidosos. Não é essa porém a minha adulação predileta, e praza a Deus que não a
conheça nunca! Provêm a minha da doçura, da bondade, da inteireza de coração, e tanto se
avizinha da virtude como se distancia de um caráter rude, insociável e importuno, que,
como, diz Horácio desgosta e afasta. A minha adulação reanima os espíritos abatidos, alegra
os melancólicos, estimula os poltrões, desperta os estúpidos, restabelece os enfermos,
acalma os furibundos, forma e mantém os amores. A minha adulacão incita as crianças ao
trabaho e ao estudo, e consola os velhos. Sob o manto do louvor, censura e instrui os
monarcas, sem ultrajá-los. Enfim, minha adulacão faz com que os homens, como outros
tantos Narcisos (76), se apaixonem por si mesmos, dando origem à principal felicidade da
vida.
Quem já viu ação mais delicada e mais grata que a praticada por dois bons e honestos
burros que se coçam mutuamente? É a esse mútuo auxílio que se dirige em grande parte a
eloqüência, muito a medicina e ainda mais a poesia. Devo acrescentar que essa adulacão é o
mel, o condimento de toda a sociedade humana. Dizem os sábios que é um grande mal estar
enganado; eu, ao contrário, sustento que não estar é o maior de todos os males. É uma
grande extravagância querer fazer consistir a felicidade do homem na realidade das coisas,
quando essa realidade depende exclusivamente da opinião que dela se tem. Tudo na vida é
tão obscuro, tão diverso, tão oposto, que não podemos certificar-nos de nenhuma verdade.
Tal era justamente o princípio dos meus acadêmicos, que se mostravam nisso menos
orgulhosos que todos os outros filósofos. Porque, se há verdades que, tendo sido bem
demonstradas, não deixam lugar às dúvidas, quantas não serão — pergunto — as que
perturbam o tranqüilidade e os prazeres da vida? Os homens, enfim, querem ser enganados e
estão sempre prontos a deixar o verdadeiro para correr atrás do falso. Quereis disso uma
prova sensível e incontrastável? Ide assistir a um sermão, e vereis que, quando o cacarejador
(oh! que injúria! enganei-me, desculpai-me), queria dizer, quando o pregador aborda o
assunto com seriedade e apoiado em argumentos, o auditório dorme, boceja, tosse, assoa o
nariz, relaxa o corpo, inteiramente enjoado. Se, porém, o orador, como quase sempre é o
caso, conta uma velha fábula ou um milagre da lenda, então o auditório logo se agita, os
dorminhocos despertam, todos os ouvintes levantam a cabeça, arregalam os olhos, prestam
atenção. Nunca observastes que, ao celebrar-se numa igreja a festa de um santo poético ou
romântico — por exemplo, de um São Jorge, de um São Cristóvão, de uma Santa Bárbara —
em geral se costuma consagrar-lhe uma pompa e uma devoção bem maiores que a que se
consagra a São Pedro e São Paulo, e ao próprio Nosso Senhor? Mas, não é este o lugar
apropriado para tal questão.
Voltemos ao nosso assunto. Quanto não custa conquistar a felicidade de opinião! Que os
que pretendem repor a felicidade no gozo das coisas tenham a bondade de observar quais e
quantos são os sofrimentos que costumam causar mesmo os objetos menos importantes.
Para fazermos um juízo a respeito, basta-nos lembrar as dificuldades que oferece o estudo da
gramática. A opinião, ao contrário, é concebida sem esforço, insinua-se por si mesma no
coração e contribui também, talvez mais do que a evidência e a realidade das coisas, para a
felicidade da vida. Se um esfomeado come carne podre, cujo fedor obrigaria um outro a tapar o nariz, se ele a come com tanto gosto como se se tratasse do alimento mais fino, eu
vos pergunto se por isso deve ser considerado menos feliz. Ao contrário, se um enfastiado
comesse excelentes iguarias e, em lugar do seu gosto, sentisse náuseas, onde estaria, nesse
caso, a sua felicidade? Para um homem que tem uma mulher feíssima, mas na qual vê
perfeitamente a sua bela, não é o mesmo que se tivesse desposado uma Vênus? O tolo que
possui um mau e miserabilíssimo quadro, mas acredita possuir uma pintura de Zeuxis ou de
Apeles, não se cansando de comtemplá-lo e admirá-lo, não será incomparavelmente mais
feliz que o que, tendo comprado por elevado preço um quadro desses excelentes pintores,
não experimente igual prazer ao contemplar as suas obras?
De um homem que tem a honra de trazer o meu nome, eu sei que, pouco depois das
núpcias, deu de presente à sua mulher brihantes falsos. Sendo ele um engraçado tratante,
convenceu a mulher de que as pedras eram preciosas, tendo lhe custado uma grande soma.
Ora, nada faltava ao prazer da esposa. Ela gostava de se enfeitar com aqueles pedaços de
vidro e não se cansava de admirá-los, satisfeitíssima de possuir o imaginário tesouro, como
se este fosse real. Ao mesmo tempo, o marido poupara uma despesa apreciável e estava
contente com o engano da mulher, que lhe agradecia da mesma forma por que o teria feito
se ele lhe tivesse dado um magnífico presente.
Merecem ser incluídos nessa categoria os habitantes da caverna de Platão (77). Ao
verem, os tolos, as sombras e as aparências de diversas coisas, admiram-nas e nada mais
procuram, dando-se por satisfeitos. Já os filósofos, por estarem fora da caverna, não só
observam os mesmos objetos como lhes investigam os mistérios. Não terão uns e outros o
mesmo prazer? Se o remendão Micilo (78), de que fala Luciano, tivesse podido passar o
resto dos seus dias no belíssimo sonho em que se embalava quando o despertaram, poderia
ele desejar felicidade maior?
Não haveria, pois, diferença alguma entre os sábios e os loucos, se não fossem mais
felizes estes últimos. Sim, porque estes o são por dois motivos: o primeiro é que a felicidade
dos loucos não custa nada, bastando um pouquinho de persuasão para formá-la; o segundo é
que os meus loucos são felizes mesmo quando estão juntos com muitos outros. Ora, é
impossível gozar um bem quando se está sozinho.
Os sábios são em número tão escasso que nem vale a pena falar deles, e eu desejaria
saber mesmo se é possível descobrir algum. No curso de tantos séculos, a Grécia se
vangloria de ter produzido apenas sete sábios. É na verdade maravilhoso! O gênero humano
deve mesmo muito a essa felicidade da Grécia! Foram mesmo sete? Pois pedi a Deus que
não vos venha o desejo de anatomizá-los cuidadosamente, porque, de contrário (juro-vos por
Hércules, arrebento-vos a cabeça), não encontraríeis, decerto, nem a metade de um filósofo
e talvez nem mesmo um terço.
Quero louvar-me ainda num outro fato. Entre os numerosos méritos que os poetas
costumam atribuir a Baco, o que se mantém e é realmente o primeiro é o que consiste em
tirar e dissipar do ânimo dos mortais as aflições, as inquietações e a tristeza, perversas filhas
da razão: mas, por pouco tempo, porque, depois de algumas horas de sono, voltam a
atormentar-nos imediatamente e, como se costuma dizer, a todo o galope. Não será isso
inteiramente o oposto do bem que proporciono aos mortais? Eu os embriago, mas também
lhes tiro a razão. Minha embriaguez é muito diferente da de Baco: enche a alma de alegria,
de tripúdio e de delícias, dura até ao fim da vida e não custa dinheiro nem dá remorsos.
Os homens me devem ser particularmente gratos, pois não permito que haja entre eles


Elogio da Loucura - Erasmo de Rotterdam [parte 4]


Quem reanimou e reuniu a plebe romana, quando ameaçava dissolver-se?
Foi, acaso, uma oração filosófica? Decerto que não: foi um ridículo, um pueril apólogo
sobre a revolta dos membros contra o estômago (44). Temístocles (45) produziu o mesmo
efeito com o seu apólogo da raposa e o ouriço. Empregue, pois, o sábio os mais tolos
conceitos da filosofia, e jamais triunfará como um Sertório (46) com sua imaginária corça
ou o engraçado ardil da cauda dos dois cavalos. Não alcançará nunca o seu objetivo como o
alcançaram os dois cães do célebre legislador de Esparta (47). Já não falo de Minos nem de
Numa (48), que por meio de fabulosas invenções souberam tirar proveito da ignorância
popular. É sempre com semelhante puerilidades que se faz mover a grande e estúpida besta
que se chama povo.

Elogio da Loucura - Erasmo de Rotterdam [parte 3]


piedosamente, com o divino segredo da metamorfose, os que estão prestes a morrer: Fetonte
transforma-se em cisne, Alcion em pássaro, etc. Também eu, até certo ponto, imito essas
benéficas divindades. Quando a trôpega velhice coloca os homens à beira da sepultura,
então, na medida do que sei e do que posso, eu os faço de novo meninos. De onde o
provérbio: Os velhos são duas vezes crianças.
Perguntar-me-eis, sem dúvida, como o consigo. Da seguinte forma: levo essas caducas
cabeças ao nosso Letes (porque, entre parênteses, sabeis que esse rio tem sua nascente nas
ilhas Fortunadas e que um seu pequeno afluente corre nas proximidades do Averno) e
faço-as beber a grandes goles a água do Esquecimento.

Elogio da Loucura - Erasmo de Rotterdam [parte 2]


DECLAMAÇÃO DE ERASMO DE ROTTERDAM
EMBORA os homens costumem ferir a minha reputação e eu saiba muito bem quanto o
meu nome soa mal aos ouvidos dos mais tolos, orgulho-me de vos dizer que esta Loucura,
sim, esta Loucura que estais vendo é a única capaz de alegrar os deuses e os mortais. A
prova incontestável do que afirmo está em que não sei que súbita e desusada alegria brilhou

Elogio da Loucura - Erasmo de Rotterdam [parte 1]


ERASMO A THOMAS MORE, SAÚDE.

ACHANDO-ME, dias atrás, de regresso da Itália à Inglaterra, a fim de não gastar todo o
tempo da viagem em insípidas fábulas, preferi recrear-me, ora volvendo o espírito aos
nossos comuns estudos, ora recordando os doutíssimos e ao mesmo tempo dulcíssimos
amigos que deixara ao partir. E foste tu, meu caro More, o primeiro a aparecer aos meus
olhos, pois que malgrado tanta distância, eu via e falava contigo com o mesmo prazer que
costumava ter em tua presença e que juro não ter experimentado maior em minha vida.

domingo, 11 de novembro de 2012

Poesia joinvilense


Corprisão 
(Rosilda da Silva)

Sufoco a saudade
Pisando geadas cortantes
E sentindo no peito
Um rouco gemido.

Fiapos de angústia
Escapam pelos olhos
E um doer suave
Dilacera o coração.

sábado, 10 de novembro de 2012

A vida magistralmente obscura de Perrito Silva - Hilton Görresen

Desde os bancos escolares, aprendemos a reverenciar o nome e a vida das grandes figuras nacionais.  Claro, geralmente essas vidas se resumem a um importante ato público.  Parece que Tiradentes nasceu unicamente para deixar crescer os cabelos e ser enforcado.  D.Pedro I veio a mundo para proclamara a nossa independência e transar com a marquesa de Santos.  A princesa Isabel embarcou na Terra apenas  para abolir a escravidão.  A propósito, foi ela quem casou com o conde D'Eu? (de quem consta apenas que lutou na guerra do Paraguai).

Que sabemos da vida íntima desses notáveis brasileiros?  Que maldades, injustiças, invejas, ingratidões foram perpetradas pela sua natureza humana?  Quais suas pequenas alegrais e decepções? Quais seus amores de juventude ou suas brincadeiras de infância?

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

REFORMA ORTOGRÁFICA: Acentuação gráfica:



 Tabela traz regras já de acordo com a nova ortografia

Por: Márcia Lígia Guidin, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação



Tipo de palavra ou sílabaQuando acentuarExemplos (como eram)Observações (como ficaram)
Proparoxítonassempresimpática, lúcido, sólido, cômodoContinua tudo igual ao que era antes da nova ortografia. Observe: Pode-se usar acento agudo ou circunflexo de acordo com a pronúncia da região: acadêmico, fenômeno (Brasil) académico, fenómeno (Portugal).

Para que servem os sinais de pontuação?

RELEMBRANDO...


 No geral, para representar pausas na fala, nos casos do ponto, vírgula e ponto e vírgula; ou entonações, nos casos do ponto de exclamação e de interrogação, por exemplo.
Além de pausa na fala e entonação da voz, os sinais de pontuação reproduzem, na escrita, nossas emoções, intenções e anseios.
Vejamos aqui alguns empregos:

1. Vírgula (,)
É usada para:
a) separar termos que possuem mesma função sintática na oração: O menino berrou, chorou, esperneou e, enfim, dormiu.
Nessa oração, a vírgula separa os verbos.
b) isolar o vocativo: Então, minha cara, não há mais o que se dizer!
c) isolar o aposto: O João, ex-integrante da comissão, veio assistir à reunião.
d) isolar termos antecipados, como complemento ou adjunto:
1. Uma vontade indescritível de beber água, eu senti quando olhei para aquele copo suado! (antecipação de complemento verbal)
2. Nada se fez, naquele momento, para que pudéssemos sair! (antecipação de adjunto adverbial)
e) separar expressões explicativas, conjunções e conectivos: isto é, ou seja, por exemplo, além disso, pois, porém, mas, no entanto, assim, etc.
f) separar os nomes dos locais de datas: Brasília, 30 de janeiro de 2009.
g) isolar orações adjetivas explicativas: O filme, que você indicou para mim, é muito mais do que esperava.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Sentido Próprio e Sentido Figurado

Relembrando...


Sentido Próprio ou Denotativo -  É o significado real da palavra, aquele que expressa um conceito. 

Sentido Figurado ou Conotativo - São outros significados, outros valores que as palavras adquirem nas diversas situações de uso. E, portanto, podem variar dependendo da cultura, da classe social, da época em que são usados.

Observe os exemplos:

Sinônimos e Antônimos

Relembrando...

Sinônimos - palavras que possuem significados semelhantes. Observe os exemplos:
  • Espetáculo - Show
  • Aula - Tédio (para alguns)
  • Ficar - Pegar (em se tratando de paqueras)
  • Dedo duro - delator, alcagueta
  • Ônibus - Busão (gíria sulista)
  • Bonito - belo
  • Casa - residência
  • calmo - tranquilo
  • Alegre - contente
  • Foi mal - Desculpa (quando se pisa na bola)

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Márcia Tiburi - Biografia


Márcia Angelita Tiburi 

(Vacaria6 de abril de 1970) é uma artista plásticaprofessora de Filosofia e escritora brasileira. Graduada em filosofia, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1990), e em artes plásticas, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1996); mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1994) e doutora em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1999) com ênfase em Filosofia Contemporânea. Seus principais temas são ética,estética e filosofia do conhecimento.

Manoel de Barros - Biografia


Manoel de Barros
Que hei de fazer se de repente a manhã voltar?
Que hei de fazer?
— Dormir, talvez chorar
”.

 Nome: Manoel de Barros
Nascimento:19/12/1916
Natural:Cuiabá - MT




Manoel 
Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá (MT) no Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá, em 19 de dezembro de 1916, filho de João Venceslau Barros, capataz com influência naquela região. Mudou-se para Corumbá (MS), onde se fixou de tal forma que chegou a ser considerado corumbaense. Atualmente mora em Campo Grande (MS). É advogado, fazendeiro e poeta.

domingo, 4 de novembro de 2012

Sociedade Fissurada - Márcia Tiburi


Felicidade - Márcia Tiburi [parte 2]


Felicidade - Márcia Tiburi


Charles Chaplin - Filosofando


“A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o  verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar  novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara pra faculdade. Você vai pro colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando….E  termina tudo com um ótimo orgasmo!!! Não seria perfeito?"
----------------------------------
Isso me lembra o filme "O curioso caso de Benjamin Button"  de 2008. Pra quem ainda não assistiu, fica aí uma indicação, vale à pena conferir. 

A Política - Aristóteles [final]

Considerou menos a gravidade do que a frequência do delito, já que se insulta
com mais frequência quando se está bêbado do que quando se está sóbrio.
Androdamas de Régio também elaborou leis para os calcidios da Trácia;
elas dispõem sobre o homicídio e as heranças das jovens, mas ignoramos as
suas disposições.

FIM


sábado, 3 de novembro de 2012

A Política - Aristóteles [parte 28 b]

Este desvio com relação aos princípios da aristocracia deve atribuir-se ao
erro do legislador que deveria ter percebido desde o começo que as pessoas
de bem devem estar acima da tentação da necessidade quando ocupam um
cargo público e mesmo quando voltam a ser simples particulares. Além disso,
se se deve considerar a riqueza porque proporciona o ócio, não deixa de ser
absurdo admitir a venalidade nos grandes cargos, tais como a realeza e o
comando dos exércitos. Tais leis fazem com que a riqueza seja mais estimada
do que o mérito e tornam os cidadãos muito desejosos de se enriquecerem.
Tudo o que é estimado pelos que governam os outros domina imediatamente a
opinião pública. Ora, o governo aristocrático não está bem garantido num lugar
em que a virtude não está em primeiro lugar. O bom senso mostra que aqueles
que compram os cargos vão procurar ter de volta o que lhes custou para
alcançá-los. Não é absurdo que um homem de mérito seja tentado quando é
pobre e um homem sem mérito não o seja quando tem muitas despesas? Não
se deveriam oferecer os cargos senão aos que podem ocupá-los com honra,
mas se o legislador desconfiasse da pobreza dos homens de bem seria preciso
pelo menos providenciar para que seus magistrados estivessem em condições
de renunciar a suas ocupações domésticas para se entregarem inteiramente
aos deveres de seus cargos.

A Política - Aristóteles [aparte 28]

A semelhança entre as duas Constituições, a de Creta e a da Lacedemônia,
é visível. 1° os ilotas lavram para os lacedemônios, assim como os Periecos
para os cretenses; 2° os dois povos têm os mesmos banquetes públicos,
banquetes estes que os lacedemônios hoje chamam de Fidítias, mas que
antigamente chamavam, como os cretenses, de Andries, prova de que tiraram
de lá este costume; 3° a divisão dos poderes é aproximadamente a mesma. Os
que são chamados de éforos na Lacedemônia chamam-se cosmos em Creta,
com a única diferença de que são somente cinco na Lacedemônia e dez em
Creta. São os mesmos senadores. Antes, os cretenses tinham seis; mais tarde,
suprimiram a realeza e entregaram aos cosmos o comando dos exércitos; 4° a
Assembléia nacional é aberta a todos os particulares, mas sua influência
limita-se a ratificar ou rejeitar os decretos dos senadores e dos cosmos.
A diferença é que: 1° os banquetes públicos são mais bem ordenados em
Creta do que na Lacedemônia. Aqui, cada qual traz sua parte segundo a
tabela, sem o que, como já dissemos, é excluído dos cargos públicos; em
Creta, pelo contrário, o banquete é mais cívico; 2°- de todas as frutas e
animais que os periecos oferecem, que provêm tanto das terras públicas
que exploram quanto das terras particulares, fazem-se duas partes, uma
destinada às despesas do culto e outros gastos públicos, outra aos
banquetes comuns. Assim, todos, homens, mulheres e crianças, são
alimentados às custas do tesouro público. Para alimentar todos, primeiro o
legislador deu ênfase àsobriedade, por ser útil à saúde; depois, ao
isolamento das mulheres, para que tivessem menos filhos; e depois, ainda, à
dissolução dos homens entre si, recurso que a lei tolera e sobre o qual nos
explicamos em outro lugar. Pelo menos é certo que Creta é superior à
Lacedemônia no que diz respeito a banquetes públicos.

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Mundo Pequeno - Manoel de Barros


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Manoel de Barros - Entrevista [pate 4]


Manoel de Barros - Entrevista [parte 3]