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domingo, 28 de agosto de 2011

O CURUPIRA

O curupira mora na mata, ele tem cabelos vermelhos, dentes verdes e pés virados para trás.  Odeia caçadores e alguns índios porque eles matam os animais. 
Ele também bate nas árvores quando tem tempestade para testá-las.
É apenas um anão mas confunde todos os caçadores.
Essa história é apenas uma lenda mas as crianças menores acreditam e se assustam quando ouvem falar dele.

Autor: Arthur Henrique Hort
2º Ano 4

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O CASAMENTO

O casamento do macaco foi muito bonito.
Ele convidou a zebra Elena, o elefante Horácio, a girafa Garibalda, a macaca Eleonor, o tamanduá Schubert, o macaco Léo, o gorila Carlos e a onça Léia.
O papagaio foi o pastor.
A noiva jogou o buquê, a zebra pegou e começou a festejar.
E o gorila ficou feliz por ver o seu filho atentado casar.

Autor: Arthur Henrique Hort - 2º ano 4


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A FRASE E SUA ORGANIZAÇÃO

É fundamental lembrar que só o contexto pode definir a melhor organização da frase ou do período, bem como o sentido atribuído.  Portanto, cada caso é um caso.  Isso quer dizer que, se às vezes é mais pertinente a frase, ou o período curto; em outras, o mais adequado é o período elaborado com mais orações, marcadas por relações mais complexas.

E em relação ao significao empregado "o aluno poderá verificar como os sentidos das palavras que ele usa têm vínculo direto com o ambiente cultural em que ele foi criado," pois "a língua na prática, mostra o poder que os falantes têm de dar às palavras outros sentidos que elas não parecem ter costumeiramente." Ferrarezi Jr, 2008



domingo, 14 de agosto de 2011

A PONTUAÇÃO E O SENTIDO DA FRASE

A falta de pontuação faz com certas frases não tenham sentido.  O problema torna-se maior quando há palavras de mesma grafia, mas que têm mais de um sentido.  "Amasse", por exemplo, pode ser forma de imperfeito do subjuntivo do verbo amar  e imperativo do verbo amassar.   O contexto e a pontuação contribuem para o sentido.

Ah, se ela amasse a ordem e a limpeza! (imperfeito do subjuntivo)

Amasse o papel e jogue no lixo! (imperativo)

OBSERVE O EFEITO CAUSADO PELA PONTUAÇÃO

A) Minha vizinha costuma sair só à noite.
B) Minha vizinha costuma sair, só, à noite.
C) Minha vizinha costuma sair, só à noite.
D) Minha vizinha... costuma sair só à noite.
E) Minha vizinha costuma sair só... à noite.
F) Minha vizinha costuma sair só à noite....
G) Minha vizinha costuma sair... só à noite.
H) Minha vizinha? Costuma sair só à noite.
I) Minha vizinha costuma sair, só à noite!
J) Minha vizinha! Costuma sair só à noite.

ATIVIDADES

1 - Leia as frases seguintes e reflita sobre os sinais de pontuação que elas devem receber para que adquiram sentido.  Então, reescreva-as com a pontuação adequada.

a) João toma banho quente e sua mãe diz ele quero banho frio

b) No porto um navio holandês entrava um navio inglês

c) Voar da Europa à América uma andorinha só não faz verão

d) Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe do fazendeiro era também o pai do bezerro



2 - Leia o poema seguinte, que fala de três belas irmãs. Há quatro modos de pontuá-lo.  Dependendo da pontuação empregada,  o poeta declara seu amor por Soledade, por Lia ou por Iria, ou ainda confessa estar indeciso entre as três.

Três belas que belas são
Querem que por minha fé
Eu diga qual delas é
Que adora o meu coração
Se consultar a razão
Digo que amo Soledade
Não Lia cuja bondade
Ser humano não teria
Não aspiro à mão de Iria
Que não tem pouca idade.

Pontue o poema de modo que poeta declare:

a) Seu amor por Soledade
b) Seu amor por Lia
c) Seu amor por Iria
d) Estar indeciso entre as tês irmãs

Lembrete:  Um mesmo texto pode ser pontuado de maneiras diferentes, dependendo do que se quer dizer ou sugerir.





sábado, 13 de agosto de 2011

DESAFIOS - JOGOS DE PALAVRAS

1 - Faça o príncipe do texto "Uma palavra só". Observe as palavras CONTORCIONISTA E AURÉLIO e encontre outras palavras dentro dela.

2 - Algumas palavras podem ser lidas da direita para a esquerda ou ao contrário e sempre têm o mesmo sentido.  Por exemplo, OMO - ARARA. Encontre outras que tenham essa mesma característica.

3 - Troque uma letra de cada vez da palavra inicial até chegar à palavra final.  Veja um exemplo, em que cada letra trocada está em destaque:

porto.......................................... turma

porto, porta, corta, corra, zorra, zurra, turra, turma

a) lobo..........fome
b)força.........terra
c)lenta.........sorte

4) As pessoas costumam se divertir com um tipo de pergunta cuja resposta tem como base a semelhança sonora entre as palavras e a diferença de sentido.  Veja uma:

Pergunta:  "O que é um ponto marrom no alto de uma árvore usando uma calculadora?"

Resposta: "Um mico-computador."

Você seria capaz de criar ou registrar outras perguntas e resposta desse tipo?


5) Se você juntar prima com Vera, vai ter uma palavra só: primavera.  E poderá criar uma frase que tenha duplo sentido.  Por exemplo:

A prima Vera chegou.  /  A primavera chegou.

Encontre outras duas palavras que, juntas resultam numa só.  Depois, crie com elas uma frase que tenha duplo sentido.


6) Atividade oral

Trava-línguas são jogos com palavras que, como sugere o nome, apresentam repetição de consoantes e vogais de modo a tornar difícil a leitura.

Vamos ver quem consegue ler os trava-línguas sem "engasgar" nem mesmo uma vez.

1. Iara amarra a arara rara, a rara arara de Araraquara.

2. Quem a paca cara compra, paca cara pagará.

3. Cinco bicas, cinco pipas, cinco bombas.  Tira a boca da bomba e bota a boa na bica.

4. Três pratos de trigo para três tigres tristes.

Sucesso

UMA PALAVRA SÓ

Era uma vez um rei mandão — como muitos — que resolveu castigar qualquer um que falasse uma mentira (mentira pelo menos no seu ponto de vista). Mas a primeira vítima do castigo real foi seu próprio filho, condenado a nunca mais abrir a boca para falar, a não ser, única e exclusivamente... a palavra “exclusivamente”.

É assim que o príncipe sai pelo mundo, respondendo
a tudo: “exclusivamente”. Até que um dia ele conhece Eva.
Ele a seguia, tímido, meio de longe. 

 Eva era fantástica.  Sabia inclusive ler, o que era raríssimo naquele tempo.  "Se ao menos eu soubesse ler e escrever", pensava o príncipe.

Talvez por pena, a contorcionista, que passava o seu tempo livre lendo romances, notando o interesse do príncipe pelas letras, decidiu que o ensinaria a ler e a escrever.

Escreveru bem grande EXCLUSIVAMENTE e tentou lhe ensinar as letras dessa palavra.

No princípio, para sermos sinceros, o príncipe não entendia nada.  Eva repetia.  Um dia já estava no finalzinho da palavra:

-M-E-N, MEN, T-E, TE. MEN- TE, MENTE.

De repente deu um clique no príncipe.

Ele pegou o lápis e com certa dificuldade - não muita - escreveu alguma coisa.  Depois riscou umas letras.

E XCLUSI  VA MENTE

Deixou E - V - A.

Eva não aguentou e lhe deu um beijo.  O príncipe tinha descoberto a maior maravilha. Agora, por exemplo, se gritavam por ele, perguntando onde ele estava, podia pegar o C da sílaba CLU e o A que está em VAMENTE e dizer: CÁ.

Não era uma resposta muito longa, mas já era alguma coisa para quem tinha passado tanto tempo só com "exclusivamente".  E podia também inventar...

E X C L U S I V A M E N T E

E X C L U S I V A M E N T E

...palavras meigas para acarinhar a contorcionista.  Mas... os candongueiros do reino, que não percebiam que as novas palavras estavam dentro da palavra exlcusivamente, foram mexericar para o rei que o príncipe  não estava mais lhe obedecendo.

E levaram o menino preso.

A contorcionista foi atrás e tentou explica que o príncipe só usava as letras de exclusivamente.  Ma o rei não queria saber de explicações.

- Bem... - disse sua majestade.  - Se o príncipe responder a três perguntas simples, só com a palavra exclusivamente. eu até lhe entrego minha coroa.  Mas, se não der conta, vou ter que cortar a língua dele.

- Quantos anos você tem?  - perguntou para começar.

- E - X - C - L - U - S - I - V - A - M - E - N - T -E   - soletrou  o príncipe e repetiu de novo, falando bem alto as letras S -E - T - E e as outras bem baixinho.

- Oh céus! Então é mesmo verdade que só tem usado a palavra exclusivamente? - assustou-se o rei.

O príncipe soletrou outra vez, gritando agora as letra S - I - M e sussurrando o resto.

- E quem foi que lhe ensinou esse truque dos diabos?

O príncipe apontou a contorcionista e de novo repetiu as letras de exclusivamente, enfatizando E - L - A.

Hoje, o príncipe fala o que ele quer e o rei sem coroa, que não é mais o dono da verdade, anda tomando umas aulas com a contorcionista.

Lago, Ângela. Uma palavra só. São Paulo: Moderna, 1996.




Uma palavra só
EM HOMENAGEM A TODOS OS ALUNOS DA ESCOLA OSWALDO CABRAL PELO DIA DO ESTUDANTE

Resenha Crítica -Ensaio sobre a cegueira - José Saramago



ensaio_cegueira_01O romancista, dramaturgo e poeta português José Saramago é autor de diversas obras, mas em uma delas, denominada “Ensaio sobre a Cegueira”, o autor instiga o leitor a “olhar a visão” e, para tal tarefa, é preciso fechar os olhos, pois a visão não poderia julgar a si mesma. O autor começa o livro com uma imagem ordinária: a cidade barulhenta, trânsito pesado, pessoas disputando, a cada passo, um lugar na rua.
Mas algo incomum acontece com um dos carros parados no semáforo: “[...] logo se notou que não tinham arrancado todos por igual. O primeiro da fila está parado [...]”. (p. 11). Um morador destas megalópoles estranharia esta cena, pois todos estão sempre apresados, adivinhando o momento do sinal verde para sair em disparada: “[...] deve ser um problema mecânico qualquer, o acelerador solto [...]”. (p. 11). Nada disso. O motorista abre a porta e diz: “Estou cego”. (p. 11). Desesperado, em prantos, o primeiro cego grita a mortalidade dos olhos. “[...] quem me diria, quando saí de casa esta manhã, que estava para me acontecer uma fatalidade como esta.” (p. 13). A possibilidade da desgraça é sempre um fato na vida do outro, desde que este outro não seja “eu”. Foi assim que aconteceu o primeiro caso de cegueira dos muitos que haveriam de surgir.
Gradativamente uma espécie de mancha branca ocular (Cf. p. 11) espalhava-se de maneira tão acentuada que o caso poderia tornar-se uma “[...] catástrofe nacional [...]”. (p. 37). Eis o enredo da obra: efetivamente, a catástrofe atingiu proporções nacionais! Diante disso, além de descrever como o Estado em nome da humanidade pode tornar-se desumano, colocando tais discursos demasiadamente humanistas sobre suspeita, Saramago constrói uma antropologia do mal pelos personagens: “É desta massa que nós fomos feitos, metade indiferença e metade de ruindade”. (p. 40). O homem tem em sua estrutura o mal e, para acompanhar isso, o autor cria uma personagem que funcionaria como espiã da desgraça. Trata-se da esposa de um oftalmologista, homem honesto, sincero e fiel à mulher de sua vida. Ela acompanhará todos os cegos desafortunados que serão encarcerados em um manicómio. “Nesse caso, resta o manicómio, Sim, senhor ministro, o manicómio, pois que seja o manicómio, Aliás, a todas as luzes, é o que apresenta melhores condições, porque, a par de estar murado em todo o seu perímetro, ainda tem a vantagem de se compor de duas alas, uma que destinaremos aos cegos propriamente ditos, outras para os suspeitos [...]”. (p. 46). Mentindo sua cegueira, ela será a vista do leitor. Assim, outra “ordem” se constrói dentro do manicómio: em pouco tempo os lugar terá as primeiras discussões, brigas, roubo, racionalização da comida, lixo, doenças, mortes, facções criminosas, armas, mulheres estupradas, etc. É uma nova lógica. “Os cegos aprendem depressa a orientar-se [...]”. (p. 86). Mesmo no manicómio – e não é sem razão que Saramago enterra os cegos neste local – a lógica do mal impera ao ponto de fazer a única personagem que vê gritar: “O mundo está todo aqui dentro”. (p. 102). A cegueira é transmitida nas mesmas proporções que o mal se espalha. Todos pretendem se salvar, mas como cegos, pisam uns sobre os outros. Todavia, neste caso há uma “desculpa”: quem pisa é cego. O ego cega o cego! A única personagem que parece ter compaixão é a esposa do oftalmologista: “[...] recordemos daqueles infelizes condenados que antes ainda viam e agora não vêem, dos casais divididos e dos filhos perdidos, dos lamentos dos pisados e atropelados, alguns duas e três vezes, dos que andam à procura de seus queridos bens e não os encontram, seria preciso ser-se de todo insensível para esquecer, como se nada fosse, a aflição da pobre gente”. (p. 118). Como viver deste modo, senão sendo cego? Quem suportaria sobreviver em tais circunstâncias? A animalidade havia tomado conta: homens violentos buscando salvar-se a si mesmos. Desta maneira, era preciso levantar uma norma. A máxima é fazer de tudo para não vivermos como animais. (p. 119). Todos concordam e só o esforço já concede esperança. Cumprir esta máxima é a nova vista dos cegos, pois a voz é a vista de quem não vê.
Saramago cria um mundo de cegos para mostrar o que é o mundo verdadeiramente. Assim dirá o oftalmologista cego: “[...] só num mundo de cegos as coisas serão o que verdadeiramente são [...]”. O mundo é um palco de seres se devorando, de modo que quando o mundo mostra-se como ele é todos ficam cegos. A esposa do oftalmologista é a única que consegue entender isso: em um mundo de cegos que tem um olho está condenado a ver as desgraças da existência. O medo destas visões cega. (Cf. p. 131). O que resta é uma vida animal na qual os homens devem fazer de tudo para não serem os animais que são. Lutam continuamente, no entanto, a luta não passa de um outro modo de cegueira.
A obra “Ensaio sobre a Cegueira” de José Saramago é um convite a fazer-nos perceber nossa própria cegueira e, antes de tentar recuperá-la, que respeitosamente reconheçamos o heroísmo da pobre esposa do oftalmologista expresso no seguinte adágio:
“Se tu pudesses ver o que eu sou obrigada a ver, quererias estar cego [...]” (p. 135).
SARAMAGO, José. “Ensaio sobre a Cegueira”. São Paulo: Companhia da Letras, 1995.
Andrei Venturini Martins

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Crônicas diversas


sexta-feira, 12 de março de 2010

Crônica publicada no jornal A Notícia de Joinville. Caderno ANEXO. pag3 em 11 de março de 2010.

O ESPORTE, UM MENINO, UM SONHO


Na tarde do último sábado o programa “caldeirão do Huck” mostrou um pouco da história e do sonho de um menino: surfar no Havaí ao lado de Kelly Slater. O menino Naamã, morador da favela do Morro do Cantagalo no Rio de Janeiro, segue em sua aventura até chegar ao Havaí; o contato com a beleza e o encontro com o astro mundial do surf. Ele se joga no abraço emocionado seguido de conversa e admiração e finalmente os dois no mar. Bonito de se ver. O garoto tem força na expressão, no gesto. Tem um imperativo dentro dele. De volta ao Brasil, Luciano o leva para um passeio de helicóptero pelo Rio. Ele tudo vê lá do alto: a baía da Guanabara, o Pão-de-Açúcar, o morro do Cantagalo onde ele mora, o Cristo. Eu pensava nele vendo sua própria vida de um outro plano. Sobrevoando a própria vida após uma experiência que transformou sua percepção. Seguiram depois para a casa do garoto. Os pais esperavam ansiosos entre paredes sem reboco e a falta de uma geladeira. A família não tinha geladeira. Não tinha sofá. Luciano sentou-se na cama ao lado de Naamã. Os pais, Sr. Estevão e Sra. Janete, sentaram-se também. A mulher desculpou-se pela ausência de móveis, pela pobreza. Sorriu um único dente num largo de se admirar. Luciano, ainda todo metido na emoção, pediu que o menino falasse um pouco da experiência para os pais. E ele falou que não iria mais faltar às aulas. Que iria estudar, aprender inglês, para voltar ao Havaí e conversar com Kelly. O pai espremia o rosto em lágrimas a cada palavra do menino. Repetia: que bom, meu filho! É bom poder ver que o mundo é grande, não é? Fico muito feliz, muito feliz. Atrás deles uma bolsinha preta de crochê com barrado cheio de flores coloridas enfeitava a parede; a camiseta vermelha que a mãe usava, igualmente tinha uma flor nela. Emocionei-me vendo aquilo tudo. Ah! É difícil não ser piegas numa hora como essa! Um germinar de oportunidades. Naamã realizou seu sonho e de quebra várias outras coisas aconteceram e acontecerão. No final da reportagem, os letreiros vão subindo sobre as imagens de Kelly e Naamã surfando juntos. Caetano vai cantando: “O Havaí, seja aqui, o que tu sonhares, todos os lugares”. E é isso Naamã. “Hot stuff”. Mas quero falar do que está por trás de tudo isso: o projeto Favela Surf Clube, que há 14 anos trabalha para que crianças dos morros cariocas possam escolher entre um fuzil AR-15 e uma prancha 6′5′. Além de aulas de surf, os 53 garotos que fazem parte da ONG ainda aprendem uma profissão e produzem pranchas de surf. Mais de 400 garotos já passaram pelo projeto que está aberto para meninos de qualquer morro que queiram surfar e não tenham condições financeiras. Foi daí que surgiu Naamã. Um representante desses mais de 400 garotos. Então eu pensei na nossa cidade, cheia de garotos cheios de sonhos. E pensei no esporte como catapulta para o desenvolvimento deles. Nos projetos sociais que envolvem o esporte e as dificuldades todas que permeiam esse dia a dia. Joinville fez 159 anos. Merece “parabéns” por muitas coisas. Inclusive por seus cidadãos. Sim, uma cidade é seus cidadãos. E aniversários trazem o sentimento de pensar a vida, o futuro. O maior presente que uma cidade pode dar a seus cidadãos é essa perspectiva de crescimento para suas crianças; investimento na educação e no esporte. O sonho de Naamã mora em muitas crianças e adolescentes daqui. Vamos ter olimpíadas no Brasil. Por que não aproveitar esse espírito olímpico, incentivar e dar condições às crianças e adolescentes? Joinville tem uma grande força econômica, desponta em algumas frentes do esporte e certamente há muitas pessoas que conhecem seu potencial e trabalham arduamente na construção de seus cidadãos. É um presente que a cidade não negue incentivos para esse caminho desenvolver-se. É um presente que nossas crianças possam atravessar as fronteiras de suas próprias dificuldades amparadas por projetos como o da Favela Surf Clube e que possam, a partir disso, sonhar suas próprias vidas de um jeito diferente. Olhar a vida de um outro plano e criar imperativos dentro deles. Como aconteceu com Naamã. Parabéns ao programa do Luciano Huck por trazer isso à baila. Parabéns para Joinville e para aqueles cidadãos que acreditam nessa possibilidade e trabalham para que ela vire realidade.
 
Autora: Clotilde Zingali
 
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ARNICA - crônica publicada no caderno ANEXO do jornal A Notícia em 25 de fevereiro de 2010.

Em 12 de fevereiro de 2009, quando publiquei minha terceira crônica neste jornal, o leitor Jones Vieira Borges me escreveu um email pedindo que eu falasse sobre cachorros. Ele, que é um apaixonado pelo que chamou de “amigos de quatro patas”, me deu essa sugestão. Pouco mais de um ano, venho aqui para dizer: Chegou a minha cachorrinha, Jones! Da forma mais inusitada possível. Eu resistia à ideia de comprar um cachorro. Sei lá, mas o que há em mim pedia uma legítima guapeca – um termo lindo, que é o mesmo que vira-lata ou SRD, (sem raça definida) e que aprendi quando cheguei por aqui e tive meu primeiro cachorrinho em São Francisco do Sul. Chamei-o de Lupicínio, e o apelido era Lupi. Um guapeca lindo, marrom com olhos verdes. Foi para a casa de uma amiga em Guaramirim quando mudei pra Joinville. Na kit net que alugamos em Joinville não caberíamos nós três. Mas todas as vezes que vou pra Guará vou lá dar uma palavrinha com ele. E o bichinho me reconhece, senta e me dá a patinha igual a antigamente. Agora me acontece isso: no sábado de carnaval, voltando do baile, paramos para fazer um lanche na madrugada que escorria. Ela de cara se engraçou comigo. E eu com ela. Perguntamos ao dono da lanchonete se era dele. Disse que não, andava perdida por ali. Um amigo que estava com a gente perguntou se poderia levar. O homem disse: leva. Recostada na cadeira, a fantasia de “mexicano” do meu marido virou aconchego pra ela. Colocamos no carro e partimos. 5.50 da manhã do sábado. E desde então somos dela. Já conhece a casa da praia, fez a viagem São Chico-Joinville numa paciência sem igual debaixo de um calor perto do insuportável. Está em nosso apartamento e vai se acomodando aos poucos. Adora um carinho. A gente? A gente adora dar carinho pra ela. Uma vez por dia ela sai pra passear sua vida de cãzinha, como eu gosto de chamar. O nome dela é ARNICA. Uma homenagem às propriedades curativas da planta, ao poder curativo de um cachorrinho na vida de alguém e a uma amiga querida, que também batizou uma de suas lindinhas com esse nome. Hoje, depois de voltar do primeiro dia de aula na faculdade, ao abrir a porta, encontrei-a serelepe: abanando freneticamente o mormaço com seu rabo e fazendo gracejos. Até o ar que eu respiro ficou mais fresco com a alegria dela. E eu fiquei alegre, perdendo minutos nesse contato e me esquecendo do resto. ARNICA. Seus poderes são conhecidos desde a Idade Média - a Arnica montana é originária das regiões montanhosas do norte da Europa e desde tempos remotos é usada na cicatrização de ferimentos graças às suas propriedades regeneradoras de tecidos. Há controvérsias sobre origem do nome "Arnica", embora muitas referências indiquem que possa ser uma deformação da palavra grega 'ptarmica', que significa "que faz espirrar". Não é uma coincidência incrível? Arnica, a cachorrinha de que falo, espirra todos os dias! Já contamos isso ao médico veterinário e não há nada com ela. Acho mesmo que é graça do destino. Assim como a planta, que é um arbusto perene e que produz floradas abundantes de cor amarelo-ouro ou alaranjado. Que nem o sol. Ela, como ele, dá brilho para nossas vidas. Minha cachorrinha. Meu sol. A planta, por ser originária dos solos ácidos das montanhas européias, é de adaptação difícil no Brasil. Mas minha NICA segue se adaptando a nós e nós a ela. E vamos juntos florescendo.

Crônicas de Luis Fernando Verissimo

Dez coisas que levei anos para aprender

1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom, não pode ser uma boa pessoa.

2. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.

3. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance.

4. A força mais destrutiva do universo é a fofoca.

5. Não confunda nunca sua carreira com sua vida.

6. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite.

7. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra seria "reuniões".

8. Há uma linha muito tênue entre "hobby" e "doença mental".

9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito.

10. Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se de que um amador solitário construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic.


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Mulheres

"Certo dia parei para observar as mulheres e só pude concluir uma coisa: elas não são humanas. São espiãs. Espiãs de Deus, disfarçadas entre nós.

Pare para refletir sobre o sexto-sentido.
Alguém duvida de que ele exista?

E como explicar que ela saiba exatamente qual mulher, entre as presentes, em uma reunião, seja aquela que dá em cima de você?

E quando ela antecipa que alguém tem algo contra você, que alguém está ficando doente ou que você quer terminar o relacionamento?

E quando ela diz que vai fazer frio e manda você levar um casaco? Rio de Janeiro, 40 graus, você vai pegar um avião pra São Paulo. Só meia-hora de vôo. Ela fala pra você levar um casaco, porque "vai fazer frio". Você não leva. O que acontece?
O avião fica preso no tráfego, em terra, por quase duas horas, depois que você já entrou, antes de decolar. O ar condicionado chega a pingar gelo de tanto frio que faz lá dentro!
"Leve um sapato extra na mala, querido.
Vai que você pisa numa poça..."
Se você não levar o "sapato extra", meu amigo, leve dinheiro extra para comprar outro. Pois o seu estará, sem dúvida, molhado...

O sexto-sentido não faz sentido!

É a comunicação direta com Deus!
Assim é muito fácil...
As mulheres são mães!

E preparam, literalmente, gente dentro de si.
Será que Deus confiaria tamanha responsabilidade a um reles mortal?

E não satisfeitas em ensinar a vida elas insistem em ensinar a vivê-la, de forma íntegra, oferecendo amor incondicional e disponibilidade integral.
Fala-se em "praga de mãe", "amor de mãe", "coração de mãe"...

Tudo isso é meio mágico...
Talvez Ele tenha instalado o dispositivo "coração de mãe" nos "anjos da guarda" de Seus filhos (que, aliás, foram criados à Sua imagem e semelhança).

As mulheres choram. Ou vazam? Ou extravazam?

Homens também choram, mas é um choro diferente. As lágrimas das mulheres têm um não sei quê que não quer chorar, um não sei quê de fragilidade, um não sei quê de amor, um não sei quê de tempero divino, que tem um efeito devastador sobre os homens...

É choro feminino. É choro de mulher...

Já viram como as mulheres conversam com os olhos?

Elas conseguem pedir uma à outra para mudar de assunto com apenas um olhar.
Elas fazem um comentário sarcástico com outro olhar.
E apontam uma terceira pessoa com outro olhar.
Quantos tipos de olhar existem?

Elas conhecem todos...

Parece que freqüentam escolas diferentes das que freqüentam os homens!
E é com um desses milhões de olhares que elas enfeitiçam os homens.

EN-FEI-TI-ÇAM !

E tem mais! No tocante às profissões, por que se concentram nas áreas de Humanas?
Para estudar os homens, é claro!
Embora algumas disfarcem e estudem Exatas...

Nem mesmo Freud se arriscou a adentrar nessa seara. Ele, que estudou, como poucos, o comportamento humano, disse que a mulher era "um continente obscuro".
Quer evidência maior do que essa?
Qualquer um que ama se aproxima de Deus.
E com as mulheres também é assim.

O amor as leva para perto dEle, já que Ele é o próprio amor. Por isso dizem "estar nas nuvens", quando apaixonadas.
É sabido que as mulheres confundem sexo e amor.
E isso seria uma falha, se não obrigasse os homens a uma atitude mais sensível e respeitosa com a própria vida.
Pena que eles nunca verão as mulheres-anjos que têm ao lado.
Com todo esse amor de mãe, esposa e amiga, elas ainda são mulheres a maior parte do tempo.
Mas elas são anjos depois do sexo-amor.
É nessa hora que elas se sentem o próprio amor encarnado e voltam a ser anjos.
E levitam.
Algumas até voam.
Mas os homens não sabem disso.
E nem poderiam.
Porque são tomados por um encantamento
que os faz dormir nessa hora."

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EXIGÊNCIAS DA VIDA MODERNA


Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro.
E uma banana pelo potássio.
E também uma laranja pela vitamina C. Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão). Cada dia uma Aspirina, previne infarto. Uma taça de vinho tinto também. Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso. Um copo de cerveja, para... não lembro bem para o que, mas faz bem. O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.
Todos os dias deve-se comer fibra. Muita, muitíssima fibra. Fibra suficiente para fazer um pulôver.
Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente. E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada. Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia...
E não esqueça de escovar os dentes depois de comer. Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax. Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.
Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma.
Sobram três, desde que você não pegue trânsito. As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia. Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).
E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.
Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.
Ah! E o sexo! Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina. Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução. Isso leva tempo - e nem estou falando de sexo tântrico.
Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação. Na minha conta são 29 horas por dia.
A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo! Por exemplo, tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes. Chame os amigos junto com os seus pais. Beba o vinho, coma a maçã e a banana junto com a sua mulher... na sua cama.
Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio.
Agora tenho que ir.
É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro.
E já que vou, levo um jornal... Tchau!
Viva a vida com bom humor!!!

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Chegou o verão!

Verão também é sinônimo de pouca roupa e muito chifre, pouca cintura
e muita gordura, pouco trabalho e muita micose.

Verão é picolé de Kisuco no palito reciclado, é milho cozido na água
da torneira, é coco verde aberto pra comer a gosminha branca.

Verão é prisão de ventre de uma semana e pé inchado que não entra no
tênis.

Mas o principal ponto do verão é.... A praia!

Ah, como é bela a praia.

Os cachorros fazem cocô e as crianças pegam pra fazer coleção.

Os casais jogam frescobol e acertam a bolinha na cabeça das véias.

Os jovens de jet ski atropelam os surfistas, que por sua vez, miram a
prancha pra abrir a cabeça dos banhistas.

O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem cedo, antes do
sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias estão
chegando.

Muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, três
geladeiras de isopor, cinco guarda-sóis, raquete, frango, farofa,
toalha, bola, balde, chapéu e prancha, acreditando que estão de
férias.

Em menos de cinqüenta minutos, todos já estão instalados, besuntados
e prontos pra enterrar a avó na areia.

E as crianças? Ah, que gracinhas! Os bebês chorando de desidratação,
as crianças pequenas se socando por uma conchinha do mar, os
adolescentes ouvindo walkman enquanto dormem.

As mulheres também têm muita diversão na praia, como buscar o filho
afogado e caminhar vinte quilômetros pra encontrar o outro pé do
chinelo.

Já os homens ficam com as tarefas mais chatas, como furar a areia pra
fincar o cabo do guarda-sol.

É mais fácil achar petróleo do que conseguir fazer o guarda-sol ficar
em pé.

Mas tudo isso não conta, diante da alegria, da felicidade, da
maravilha que é entrar no mar!

Aquela água tão cristalina, que dá pra ver os cardumes de latinha de
cerveja no fundo.

Aquela sensação de boiar na salmoura como um pepino em conserva.

Depois de um belo banho de mar, com o rego cheio de sal e a periquita
cheia de areia, vem àquela vontade de fritar na chapa.

A gente abre a esteira velha, com o cheiro de velório de bode, bota o
chapéu, os óculos escuros e puxa um ronco bacaninha.

Isso é paz, isso é amor, isso é o absurdo do calor!!!!!

Mas, claro, tudo tem seu lado bom.

E à noite o sol vai embora.

Todo mundo volta pra casa tostado e vermelho como mortadela, toma
banho e deixa o sabonete cheio de areia pro próximo.

O shampoo acaba e a gente acaba lavando a cabeça com qualquer coisa,
desde creme de barbear até desinfetante de privada.

As toalhas, com aquele cheirinho de mofo que só a casa da praia
oferece.

Aí, uma bela macarronada pra entupir o bucho e uma dormidinha na rede
pra adquirir um bom torcicolo e ralar as costas queimadas.

O dia termina com uma boa rodada de tranca e uma briga em família.

Todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e
torcendo, pra que na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo
possa se encontrar no mesmo inferno tropical...


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Bom mesmo

Tem uma crônica do Paulo Mendes Campos em que ele conta de um amigo que sofria de pressão alta e era obrigado a fazer uma dieta rigorosa. Certa vez, no meio de uma conversa animada de um grupo, durante a qual mantivera um silêncio triste, ele suspirou fundo e declarou:
- Vocês ficam ai dizendo que bom mesmo é mulher. Bom mesmo é sal!
O que realmente diferencia os estágios da experiência humana nesta Terra é o que o homem, a cada idade, considera bom mesmo. Não apenas bom. Melhor do que tudo. Bom MESMO.
Um recém-nascido, se pudesse participar articuladamente de uma conversa com homens de outras idades, ouviria pacientemente a opinião de cada um sobre as melhores coisas do mundo e no fim decretaria:
- Conversa. Bom mesmo é mãe.
Depois de uma certa idade, a escolha do melhor de tudo passa a ser mais difícil. A infância é um viveiro de prazeres. Como comparar, por exemplo, o orgulho de um pião bem lançado, o volume voluptuoso de uma bola de gude daquelas boas entre os dedos, o cheiro da terra úmida e o cheiro de caderno novo?
- Bom mesmo é o cheiro de Vick VapoRub.
Mas acho que, tirando-se uma média das opiniões de pré-adolescentes normais brasileiros, se chegaria fatalmente à conclusão de que nesta fase bom mesmo, melhor do que tudo, melhor até do que fazer xixi na piscina, é passe de calcanhar que dá certo.
Mais tarde a gente se sente na obrigação de pensar que bom mesmo é mulher (ou prima, que é parecido com mulher), mas no fundo ainda acha que bom mesmo é acordar na segunda-feira com febre e não precisar ir à aula.
Depois, sim, vem a fase em que não tem conversa. Bom mesmo é sexo!
Esta fase dura geralmente até o fim da vida, mesmo quando o sexo precisa disputar a preferência com outras coisas boas (“Pra mim é sexo em primeiro e romance policial em segundo, mas longe”). Quando alguém diz que bom mesmo é outra coisa, está sendo exemplarmente honesto ou desconcertantemente original.
- Bom mesmo é figada com queijo.
- Melhor do que sexo?
- Bom...Cada coisa na sua hora.
Com a chamada idade madura, embora persista o consenso de que nada se iguala ao prazer, mesmo teórico, do sexo, as necessidades do conforto e os pequenos prazeres da vida prática vão se impondo.
- Meu filho, eu sei que você aí, tão cheio de vida e de entusiasmo, não vai compreender isto. Mas tome nota do que eu digo porque um dia você concordará comigo: bom mesmo é escada rolante.
E esta é a trajetória do homem e seu gosto inconstante sobre a Terra, do colo da mãe, que parece que nada, jamais, substituirá, à descoberta final de que uma boa poltrona reclinável, se não é igual, é parecido. E que bom, mas bom MESMO, é nunca mais ser obrigado a ir a lugar nenhum, mesmo sem febre.


O gênero textual crônica


Autora: Heloisa Amaral*
Fonte: Almanaque na Ponta do Lápis Nº 10

A palavra “ crônica”, em sua origem, está associada à palavra grega “khrónos”, que significa tempo. De khrónos veio chronikós, que quer dizer “relacionado ao tempo”. No latim existia a palavra “chronica”, para designar o gênero que fazia o registro dos acontecimentos históricos, verídicos, numa seqüência cronológica, sem um aprofundamento ou interpretação dos fatos. Como se comprova pela origem de seu nome, a crônica é um gênero textual que existe desde a Idade Antiga e vem se transformando ao longo do tempo. Justificando o nome do gênero que escreviam, os primeiros cronistas relatavam, principalmente, aqueles acontecimentos históricos relacionados a pessoas mais importantes, como reis, imperadores, generais etc.

A crônica contemporânea é um gênero que se consolidou por volta do século XIX, com a implantação da imprensa em praticamente todas as partes do planeta. A partir dessa época, os cronistas, além de fazerem o relato em ordem cronológica dos grandes acontecimentos históricos, também passaram a registrar a vida social, a política, os costumes e o cotidiano do seu tempo, publicando seus escritos em revistas, jornais e folhetins. Ou seja, de um modo geral, importantes escritores começam a usar as crônicas para registrar, de modo ora mais literário, ora mais jornalístico, os acontecimentos cotidianos de sua época , publicando-as em veículos de grande circulação.

Os autores que escrevem crônicas como gênero literário, recriam os fatos que relatam e escrevem de um ponto de vista pessoal, buscando atingir a sensibilidade de seus leitores. As que têm esse tom chegam a se confundir com contos. Embora apresente característica de literatura, o gênero também apresenta características jornalísticas: por relatar o cotidiano de modo conciso e de serem publicadas em jornais, as crônicas têm existência breve.

As características atuais do gênero, porém, não estão ligadas somente ao desenvolvimento da imprensa. Também estão intimamente relacionadas às transformações sociais e à valorização da história social, isto é, da história que considera importantes os movimentos de todas as classes sociais e não só os das grandes figuras políticas ou militares. No registro da história social, assim como na escrita das crônicas, um dos objetivos é mostrar a grandiosidade e a singularidade dos acontecimentos miúdos do cotidiano.

Ao escrever as crônicas contemporâneas, os cronistas organizam sua narrativa em primeira ou terceira pessoa, quase sempre como quem conta um caso, em tom intimista. Ao narrar, inserem em seu texto trechos de diálogos, recheados com expressões cotidianas.
Escrevendo como quem conversa com seus leitores, como se estivessem muito próximos, os autores os envolvem com reflexões sobre a vida social, política, econômica, por vezes de forma humorística, outras de modo mais sério, outras com um jeito poético e mágico que indica o pertencimento do gênero à literatura.

Assim, uma forte característica do gênero é ter uma linguagem que mescla aspectos da escrita com outros da oralidade. Mesmo quando apresenta aspectos de gênero literário, a crônica, por conta do uso de linguagem coloquial e da proximidade com os fatos cotidianos, é vista como literatura “menor”. Ao registrar a obra de grandes autores, como Machado, por exemplo, os críticos vêem em seus romances como as verdadeiras obras de arte e as crônicas como produções de segundo plano. Essa classificação como gênero literário menor não diminui sua importância. Por serem breves, leves, de fácil acesso, envolventes, elas possibilitam momentos de fruição a muitos leitores que nem sempre têm acesso aos romances.

No Brasil, a partir da segunda metade do século XIX, muitos autores famosos passaram a escrever crônicas para folhetins. Coelho Neto, José de Alencar, Machado de Assis estavam entre aqueles que sobreviviam do jornalismo enquanto criavam seus romances.

Os cronistas, atualmente, são numerosos e costumam ter, cada um deles, seus leitores fiéis. Hoje, os cronistas nem sempre são romancistas que escrevem crônicas para garantir sua sobrevivência. Há aqueles que vêm do meio jornalístico ou de outras mídias, como rádio e TV. Por isso, a publicação do gênero também ocorre em meios diversificados: há cronistas que lêem suas crônicas em programas de TV ou rádio e outros que as publicam em sites na internet.

Pelo fato dos autores serem originários de diferentes campos de atividade e de publicarem seus textos em várias mídias, as crônicas atuais apresentam marcas dessas atividades. Por isso, há, atualmente, diferentes estilos de crônicas, associados ao perfil de quem as escreve. Todos os estilos, porém, acabam por encaixar-se em três grandes grupos de crônicas: as poéticas, as humorísticas e as que se aproximam dos ensaios. Estas últimas têm tom mais sério e analisam fatos políticos, sociais ou econômicos de grande importância cultural.
 
*Heloísa Amaral é mestre em educação, autora do Caderno do Professor - Orientação para produção de textos - Pontos de vista

Tipologia textual - TEXTO INJUNTIVO

Os textos injuntivos, são aqueles que indicam procedimentos a serem realizados. Nesses textos, as frases, geralmente, estão no modo imperativo. 

É o tipo de texto que leva o leitor a mais que uma simples informação. Instrui o leitor! Não é o texto que argumenta, que narra, que debate, mas que leva o leitor a determinada orientação transformadora.

O texto injuntivo-instrucional pode ter o poder de transformar o comportamento do leitor.

Para facilitar mais sua compreensão, eis alguns exemplos bem simples de textos injuntivos: