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terça-feira, 30 de outubro de 2007

Subversiva
(Ferreira Gullar)


A poesia

Quando chega

Não respeita nada.


Nem pai nem mãe.

Quando ela chega

De qualquer de seus abismos


Desconhece o Estado e a Sociedade Civil

Infringe o Código de Águas

Relincha


Como puta

Nova

Em frente ao Palácio da Alvorada.


E só depois

Reconsidera: beija

Nos olhos os que ganham mal

Embala no colo

Os que têm sede de felicidade

E de justiça.


E promete incendiar o país.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Biografia - Carlos Drummond de Andrade

Drummond nasceu em Itabira, pequena cidade do estado de Minas Gerais, em 31 de outubro de 1902. Seus pais se chamavam Carlos de Paula Andrade e Julieta Augusta Drummond de Andrade.

O pequeno garoto então, ao descobrir o encanto pelas palavras, começa realmente a usá-las. No seu primeiro colégio, Grupo Escolar Coronel José Batista, seus textos começam a receber os elogios de professores.

Quando jovem, vai trabalhar como caixeiro na casa comercial Randolfo Martins da Costa e seu patrão, oferecendo um corte de casimira, foi tido como presente valioso para o rapaz que o usara nas reuniões que participava do Grêmio Dramático e Literário Artur Azevedo. E neste local recebe o convite para realizar conferências. Vejam só: um garoto de 13 anos ministrando palestras sobre literatura!

Aos 14 anos vai para um internato em Belo Horizonte. No colégio Arnaldo, da Congregação do Verbo Divino, não termina o segundo período escolar por motivos de doença que o obriga a voltar para Itabira. Para não perder o ano escolar começa a ter aulas particulares e aparecem muitas descobertas.

No ano seguinte, em 1918, já melhor de saúde, Drummond é matriculado num colégio interno - o Anchieta, da Companhia de Jesus, na cidade de Nova Friburgo, onde seu talento com a palavra fica cada vez mais evidente. Seu irmão Altivo, percebendo que o jovem precisa de incentivo, publica o poema em prosa "Onda" num jornal de Itabira, Maio.

A vida no internato não é nada fácil para o jovem de 17 anos, que nesta idade se desentende com seu professor de português. A conseqüência desse incidente é a sua expulsão do colégio no ano de 1919, onde era conhecido de "general" por sua maestria.

No ano de 1920, a família Drummond transfere-se para Belo Horizonte e o jovem de 18 anos não precisa mais enfrentar aquela ordem que confisca tempo, que confisca vida. A ida para a capital mineira abre novas portas para o adolescente. Seus primeiros trabalhos começam a ser publicados no Diário de Minas, na seção "Sociais", e ele se aproxima de escritores e políticos mineiros na Livraria Alves e no Café Estrela.

Dois anos depois, recebe um prêmio de 50 mil-réis pelo conto "Joaquim do Telhado" e publica seus trabalhos na capital federal, no Rio de Janeiro. Apesar destas realizações na área literária, Drummond, no ano seguinte, 1923, decide matricular-se na Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte. O poeta, porém, jamais irá esquecer a profissão de farmacêutico.

Ainda estudante, em 1925, Carlos se casa com Dolores Dutra de Morais e, retorna a Itabira com a esposa e leciona geografia e português no Ginásio Sul-Americano. No ano seguinte, recebe convite para trabalhar no jornal Diário de Minas como redator e decide retornar a Belo Horizonte.

Em 1928, seu poema "No meio do caminho" é publicado em São Paulo, na Revista Antropofagia e se transforma num escândalo literário.

O ano de 1928 torna-se marcante para o poeta. Nasce sua filha Maria Julieta e o poeta vai trabalhar na Secretaria de Educação de Minas Gerais. Dessa data em diante, Drummond ocupa vários cargos ligados às áreas de Educação e de Cultura dos governos de Minas e federal, trabalha nos principais jornais de Minas e do Rio de Janeiro e vai publicando suas poesias. Em 1942, a Editora José Olympio edita Poesias e, durante 41 anos, até sua ida para a Editora Record em 1982, suas obras são publicadas com o selo da editora JO. A fama chega, e Drummond se torna um dos mais conhecidos autores brasileiros - seus textos são traduzidos e lidos em diferentes países, tanto que no metrô da cidade de Paris esteve exposto sua poesia "A vida é grande".

No dia 5 de agosto de 1987 morre sua filha Julieta; 12 dias depois, a 17 de agosto, falece o poeta.

Drummond deixa crônicas, obras, contos, poesias e um exemplo de vida a ser seguido por todos nós, onde em palavras ficam os sentimentos pregados que o vento não leva e a vida sempre nos traz "...a cada instante de amor".

terça-feira, 23 de outubro de 2007

O aluno

O meu dia só fica feliz na escola
lá eu aprendo e jogo bola
meu professor é um amor
ele tem muito bom humor

Sou um aluno dedicado
não gosto de ter meu caderno rabiscado
e mamãe deixa ele sempre encapado

Lembro do ditado
que meu avô sempre dizia
é preciso ter educação
pra poder ter alegria

O que na vida aprendemos de bom
Temos que viver com dedicação
pois a felicidade nos espera a cada dia
com uma nova emoção

Mas o respeito é um sentimento
que quando esquecido
se transforma em sofrimento.

Alunas: Adriana Theodosio
Monique Cristina

A educação escolar

A educação é uma lição
dada de coração e
com alegria
vivo nessa fantasia

As alunas de martem rolam
na escola
os alunos de saturno
vaõ pra jogar bola

Querendo aprender mais e mais
escrevo em meu caderno
com tudo o que aprendi
com sentimento nos dias de inverno

O professor tem que impor respeito
prara não perder seus direitos

Pois com bom estudo
na vida sempre há uma saída
e para toda amizade espera
a felicideade.

Alunas: Marcelly Caroline
Juliana Karina

Poema de um novato

Vida de sentimento
Que acabou em sofrimento
De um menino
Que amou um dia.

Felicidade e maldade
Só destroem a alegria
De quem sorriu um dia.


Respeito acabado
De um rapaz zangado
Que acabou enjaulado


Escola amiga
Que me ensinou um dia
Com o meu professor
Que ensinou com todo o amor.


Caderno sem linha
Em fim de dia
Era a felicidade que eu sentia.


Aluno feliz
Quebrou o nariz
D aquele rapaz
Que lhe empurrou lá trás.

Com toda educação
Arrumou uma profissão
Agora pode imaginar
O que irá comprar.


Ronaldo coelho
Mário de Carvalho

O aluno

Peguei meu caderno
Coloquei na sacola
Fui para a escola

Que vida vivida
Com grande alegria
Que passei neste dia

Que felicidade é viver
Nesta cidade com muito
Respeito tenho direito

Com sentimento neste momento
Sou um aluno muito profundo
E não sou vagabundo

Com educação e muita razão
Obedeço ao professor que é meu
Educador

Roseli

Festa de São João

Era uma escola muito engraçada,
Com bandeirolas por todos os lados
As crianças brincavam com educação
Comemorando a festa de são João.

Caderno e lápis não existia
Só brincadeira com alegria
Festejando juntos como irmãos
Fazendo festa com balão.

No meio desta confusão
Batendo os pés batendo as mãos
Là estava o professor
Com alegria e amor.

No meio da confusão
Surgiu um aluno com um balão
Começou a gritaria
Já era festa de são João.

Convidaram o professor
Para com eles poder brincar
Ele com respeito,lhes agradeceu
Pois na brincadeira não quis entrar.

VALDETE DA COSTA

A vida é na escola

A vida
É na escola
Onde a gente
Se aprova

O professor
É um autor
De sentimentos
E amor

No caderno
Alegria e felicidade
Que o aluno
Dispõe com respeito
E liberdade

Educação
A gente encontra
No coração
Com alegria e disposição

O aluno que tem
Respeito, tem união
Com a educação que
Traz alegria
Ao nosso coração



Autoras: Bruna e Jeniffer

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Poesia em sala de aula

Trabalhei na Escola João Costa o tema "Poesia" com os alunos da EJA em quatro etapas:

04/10 - introdução à poesia com os seguintes conceitos: rima, verso, estrofe;

11/10 - leitura e interpretação oral de poemas; - A Pesca (Afonso Romano de Sant´Anna), O filho que eu quero ter (Vinícius de Moraes), A porta (Vinicius de Moraes e Toquinho)

09/10 - visita à biblioteca com seleção prévia dos livros de poemas/poesia e escolha um poema para análise;

16/10 - revisão dos conceitos estudados na primeira etapa e elaboração em dupla de um poema a partir de algumas palavras: professor, alegria, escola, vida, caderno, sentimento, educação, respeito, felicidade e aluno.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

O Caso do Vestido

Nossa mãe, o que é aquele vestido, naquele prego?
Minhas filhas, é o vestido de uma dona que passou.

Passou quando, nossa mãe? Era nossa conhecida?
Minhas filhas, boca presa. Vosso pai vem chegando.

Nossa mãe, dizei depressa que vestido é esse vestido.
Minhas filhas, mas o corpo ficou frio e não o veste.

O vestido, nesse prego,está morto, sossegado.
Nossa mãe, esse vestido tanta renda, esse segredo!

Minhas filhas, escutai palavras de minha boca.
Era uma dona de longe, vosso pai enamorou-se.

E ficou tão transtornado,se perdeu tanto de nós,
se afastou de toda vida, se fechou, se devorou,
chorou no prato de carne, bebeu, brigou, me bateu,
me deixou com vosso berço, foi para a dona de longe,
mas a dona não ligou. Em vão o pai implorou.

Dava apólice, fazenda, dava carro, dava ouro,
beberia seu sobejo, lamberia seu sapato.

Mas a dona nem ligou.Então vosso pai, irado,
me pediu que lhe pedisse, a essa dona tão perversa,
que tivesse paciênciae foss e dormir com ele...

Nossa mãe, por que chorais? Nosso lenço vos cedemos.
Minhas filhas, vosso pai chega ao pátio. Disfarcemos.

Nossa mãe, não escutamos pisar de pé no degrau.
Minhas filhas, procurei aquela mulher do demo.

E lhe roguei que aplacasse de meu marido a vontade.
Eu não amo teu marido, me falou ela se rindo.

Mas posso ficar com ele se a senhora fizer gosto,
só pra lhe satisfazer,não por mim, não quero homem.

Olhei para vosso pai, os olhos dele pediam.
Olhei para a dona ruim, os olhos dela gozavam.

O seu vestido de renda, de colo mui devassado,
mais mostrava que escondia as partes da pecadora.

Eu fiz meu pelo-sinal, me curvei... disse que sim.
Sai pensando na morte, mas a morte não chegava.

Andei pelas cinco ruas, passei ponte, passei rio,
visitei vossos parentes, não comia, não falava,
tive uma febre terçã, mas a morte não chegava.

Fiquei fora de perigo, fiquei de cabeça branca,
perdi meus dentes, meus olhos, costurei, lavei, fiz doce,
minhas mãos se escalavraram, meus anéis se dispersaram,
minha corrente de ouro pagou conta de farmácia.

Vosso pais sumiu no mundo.O mundo é grande e pequeno.
Um dia a dona soberba me aparece já sem nada,
pobre, desfeita, mofina, com sua trouxa na mão.

Dona, me disse baixinho,não te dou vosso marido,
que não sei onde ele anda. Mas te dou este vestido,
última peça de luxo que guardei como lembrança
daquele dia de cobra,da maior humilhação.

Eu não tinha amor por ele,ao depois amor pegou.
Mas então ele enjoado confessou que só gostava

de mim como eu era dantes. Me joguei a suas plantas,
fiz toda sorte de dengo, no chão rocei minha cara,

me puxei pelos cabelos, me lancei na correnteza,
me cortei de canivete, me atirei no sumidouro,

bebi fel e gasolina,rezei duzentas novenas,
dona, de nada valeu: vosso marido sumiu.

Aqui trago minha roupa que recorda meu malfeito
de ofender dona casada pisando no seu orgulho.

Recebei esse vestido e me dai vosso perdão.
Olhei para a cara dela, quede os olhos cintilantes?

quede graça de sorriso, quede colo de camélia?
quede aquela cinturinha delgada como jeitosa?
quede pezinhos calçados com sandálias de cetim?

Olhei muito para ela, boca não disse palavra.
Peguei o vestido, pus nesse prego da parede.

Ela se foi de mansinho e já na ponta da estrada
vosso pai aparecia. Olhou pra mim em silêncio,

mal reparou no vestido e disse apenas: — Mulher,
põe mais um prato na mesa. Eu fiz, ele se assentou,

comeu, limpou o suor, era sempre o mesmo homem,
comia meio de lado e nem estava mais velho.

O barulho da comida na boca, me acalentava,
me dava uma grande paz, um sentimento esquisito

de que tudo foi um sonho, vestido não há... nem nada.
Minhas filhas, eis que ouço vosso pai subindo a escada.



Texto extraído do livro "Nova Reunião - 19 Livros de Poesia", José Olympio Editora - 1985, pág. 157.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Bem no fundo


Bem no Fundo

No fundo, no fundo,

bem lá no fundo,

a gente gostaria

de ver nossos problemas

resolvidos por decreto

a partir desta data,

aquela mágoa sem remédio

é considerada nula

e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,

maldito seja que olhas pra trás,
l

á pra trás não há nada,

e nada mais

mas problemas não se resolvem,

problemas têm família grande,

e aos domingos saem todos a passear

o problema, sua senhora

e outros pequenos
probleminhas.

Paulo Leminsk

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Como utilizar meu blog para trabalhar

Ainda hoje estarei levando os alunos até a sala informatizada para a leitura do poema de Drummond. Pretendo que os mesmo possam deixar seus comentários a respeito do texto, relacionando-o com suas exeperiências e conhecimento de mundo para a interpretação do mesmo.

Prof. Rosilda

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade